“Medicamos Babilônia e não há sanado. Abandonemo-la!” Jeremias 51,9
Prezados amigos,
Salve Maria!
Os escândalos do líder da “Resistência” não cessam. Talvez “o cansaço de resistir” tenha falado mais alto. Do que falo, senão doComentário Eleison nº. 495 publicado por Dom Richard Williamson no dia sete de janeiro deste ano. Não é a primeira vez que Dom Williamson escreve/diz coisas semelhantes. Certa vez ele teria dito que pegaria o próximo avião para Roma, caso o Papa Francisco lhe autorizasse a fundar uma Sociedade. Bom, para defendê-lo, foi dito que Dom Williamson acreditava não teria autoridade para fundar Congregações e organismos do tipo, e que precisaria de umaautorização do Papa Francisco. Acontece que posteriormente foi fundada uma Congregação que intitularam “Sociedade Sacerdotal dos Apóstolos de Jesus e Maria”, por Dom Faure, bispo da “Resistência”. Inclusive, mandaram cantar o “Te Deum” por essa fundação. Para, então, justificar a ereção desta nova Congregação, lançou-se mão desse texto.
Bom, se Dom Williamson e os bispos da “Resistência” agora dizem ter “autoridade” para erigir Congregações e etc. fica a pergunta: Porque pegar o próximo avião para Roma, se não é necessária a aprovação desta?
A resposta foi dada no Comentário Eleison objeto da análise deste texto. O que ele diz? “[...] por mais profunda que seja a corrupção conciliar em Roma, os católicos ainda devem olhar para Roma.” e “[...] Os Tradicionalistas podem dizer que os quatro Cardeais e o Sr. Jalsevac são vítimas do Vaticano II...” (não contém grifos no texto original).
Faremos uma contraposição com textos de bispos verdadeiramente tradicionais e veremos o quanto o pensamento de Dom Williamson distancia do pensamento de Dom Antônio e Dom Lefebvre. Passaremos a análise de textos de Dom Antônio de Castro Mayer e Dom Marcel Lefebvre:
Dom Antônio, diz: “O Segundo Concílio do Vaticano constitui-se uma anti-Igreja... Por isso, dizemos que o Vaticano II firmou-se como a anti-Igreja. Consequência: quem adere ao Vaticano II, sem restrição, só por esse fato, desliga-se da verdadeira Igreja de Cristo. Ninguém pode, ao mesmo tempo, ser católico e subscrever tudo quanto estabeleceu no Concílio Vaticano II. Diríamos que a melhor maneira de abandonar a Igreja de Cristo, Católica Apostólica Romana é aceitar, sem reservas o que ensinou e propôs o Concílio Vaticano II. Ele é a anti-Igreja”. Este texto foi publicado no Heri et Hodie, nº. 33, setembro de 1986 e na Revista Permanência, nº. 218-219, janeiro-fevereiro de 1987. Trecho retirado do livro: “O Pensamento de Dom Antônio de Castro Mayer”, páginas 17 e 18, Editora Permanência, 2010, Rio de Janeiro.
Dom Antônio diz ainda: “E uma observação radical, sobre o que se passa em meios católicos, leva à persuasão de que, realmente,após o Concílio, existe uma nova Igreja essencialmente distinta daquela conhecida, antes do grande Sínodo, como única Igreja de Cristo... Estamos, pois diante de uma nova religião, a religião do homem”. Este texto foi publicado no Boletim Diocesano, abril de 1972. Trecho retirado do livro: “O Pensamento de Dom Antônio de Castro Mayer”, páginas 21 e 22, Editora Permanência, 2010, Rio de Janeiro.
E, por fim, “... estamos com uma igreja nova, portanto, com uma fé nova... Trata-se de uma igreja evolutiva, modificando-se sempre para adaptar ao fluxo da História, que não retorna. Já ninguém mais duvida de que essa igreja não é a Igreja Católica da Tradição que remonta dos tempos dos apóstolos. Trata-se, pois, agora de persuadir o povo de que essa é a Igreja Verdadeira, a Igreja de Jesus Cristo”. Este texto foi publicado no Monitor Capista, 04/09/1983. Trecho retirado do livro: “O Pensamento de Dom Antônio de Castro Mayer”, página 47, Editora Permanência, 2010, Rio de Janeiro.
Bom, se a igreja conciliar é a Igreja Verdadeira, há motivos de sobra para “olhar para Roma”. Entretanto, se essa igreja, denominada por eles mesmos como igreja conciliar, igreja nova, não é a Igreja Católica Apostólica Romana, “olhar para Roma” é um ato que conduz a apostasia. Dom Antônio acertou em cheio quando disse: “trata-se, pois, agora de persuadir o povo de que essa é a Igreja Verdadeira”. Querem nos fazer crer que essa igreja moderna é Católica.
Dom Lefebvre, no livro “Carta abertaaos católicos perplexos” na página 128, diz textualmente: “Eu não sou desta religião. Não aceito esta nova religião. É uma religião liberal, modernista, que tem seu culto, seus sacerdotes, sua fé, seus catecismos, sua Bíblia ecumênica traduzida por católicos, judeus, protestantes, anglicanos, agradando a gregos e troianos, dando satisfação a todo o mundo, sacrificando muito frequentemente a interpretação do Magistério”. O que fazer “olhando” para religião a qual Dom Lefebvre não pertencia?
A Sagrada Escritura nos conta que “viu, pois, a mulher que o fruto era bom para comer, formoso aos olhos e desejável para alcançar a sabedoria e tirou do fruto dela e comeu...” (Gen. III,6). Vejam, meus caros, do olhar, do contemplar, do deleitar naquilo que era proibido saiu o Pecado Original que tanto dano causou e causa a todos os homens. Essa contemplação daquilo que é proibido pode nos fazer perder a alma. Esse diálogo entre a Eva e a Serpente fez soçobrar toda a humanidade quase numa treva sem fim. Se a mulher não tivesse dado ouvidos à Serpente e não tivesse “olhado”, contemplado aquele fruto proibido por Deus, nada do que conhecemos hoje havia sucedido. O Imitação de Cristo pergunta: “Para quer queres ver o que não te é lícito possuir?” (Livro I, cap. 20)
Dom Lefebvre teria dito a Dom Williamson: “Estaria muito feliz de ser excomungado desta Igreja Conciliar... É uma Igreja que eu não reconheço. Eu pertenço a Igreja Católica”. (Minute 30 Julho de 1976). “A Igreja que afirma tais erros é tanto cismática como herética. Esta Igreja Conciliar portanto, não é católica. (Julho 29 de 1976, Reflexões sobre a Suspensão a Divinis) e “É um dever estrito para o padre que quer permanecer católico de se separar desta igreja conciliar, enquanto ela não reencontrar o caminho da Tradição do Magistério e da Fé católica”. (Livro Itinerário espiritual, 1991) Fonte.
A segunda parte a ser analisada é a declaração, no CE, de que “[...] Os Tradicionalistas podem dizer que os quatro Cardeais e o Sr. Jalsevac são vítimas do Vaticano II...”. (grifos meus). Vejamos primeiro que são esses quatro cardeais:
O primeiro signatário das tais “Dubia” que foram endereçadas ao Papa Francisco é o Cardeal Walter Brandmüller. Trata-se de um cardeal nascido em 1.929, no reinado do Papa Pio XI, ordenado sacerdote em 1.953, no reinado do Papa Pio XII. Foi sagrado bispo em 2.010, já na igreja conciliar e feito cardeal no mesmo ano pelo Papa Bento.
O segundo signatário, trata-se do cardeal Raymond L. Burke, nascido em 1948, no reinado do Papa Pio XII, ordenado padre em 1.975, já na igreja conciliar, sagrado bispo em 1.995 e feito cardeal em 2.010 pelo Papa Bento.
O terceiro quem assina o documento é o cardeal Carlo Caffarra. Nascido em 1938, no reinado do Papa Pio XI, ordenado padre em 1961, às portas do CVII, sagrado bispo em 1.995 e feito cardeal em 2.006 pelo Papa Bento.
O quarto e último signatário é o cardeal Joachim Meisner. Nascido em 1.933, no reinado do Papa Pio XI, ordenado padre em 1.962, já no turbilhão efervescente, sagrado bispo em 1.975 e feito cardeal pelo Papa João Paulo II em 1.983.
Bom, pelo que se nota, todos os signatários do documento entregue ao Papa Francisco nasceram nos tempos áureos da Igreja. Tiveram catequeses de acordo com o Concílio de Trento e Concílio Vaticano Primeiro. Muitos deles foram ordenados padres antes do Concílio Vaticano Segundo, ou seja, tiveram formação tradicional. Entretanto, aceitaram as mudanças ocorridas e a instauração da igreja conciliar, fazendo parte dela. E se verificarmos nas tais “Dubia” entregues, os signatários arrimam suas conclusões em documentos pós-conciliares, tais como “Familiaris consortio”, “Reconciliatio et penitentia”, “Veritatis splendor”, “Ecclesia de Eucharistia” todos do Papa João Paulo II e o “Sacramentum caritatis”, do Papa Bento XVI. Usam, para justificar o seu petitório, o Código de Direito Canônico de 1983, promulgado pelo Papa João Paulo II. Como se vê, os cardeais aderiram completamente ao Concílio Vaticano II e suas máximas. Entretanto, Dom Williamson os qualifica como vítimas do Concílio. Está apiedado? Junte-se a eles!
Passaremos a ver agora quem são e foram as verdadeiras vítimas do Concílio Vaticano II, sem querer fazer um rol taxativo, senão, exemplificativo:
A Primeira Vítima e a mais inocente de todas é Cristo Rei. Dom Lefebvre nos conta, no livro “Carta aberta aos católicos perplexos”, na página 30, da 1ª edição, da Editora Permanência: “Eu ouvi por, duas vezes, enviados da Santa Sé me dizer: ‘o reinado social de Nosso Senhor não é mais possível em nosso tempo, é preciso aceitar definitivamente o pluralismo das religiões’”. A primeira Vítima do Concílio foi Nosso Senhor Jesus Cristo que foi destronado do Seu Reinado, enxotado do Seu Palácio, exilado da Sua Terra, banido do seu País através da tão decantada “Liberdade Religiosa”, firmada na “Dignitatis Humanae” e na “Nostra Aetate”. A primeira Vítima do Concílio Vaticano II foi Nosso Senhor, ao ser colocado em pé de igualdade com os líderes das falsas religiões, senão, colocado mais baixo que o nível dos últimos. O que foi o “Encontro de Assis”, senão a prática da expulsão definitiva de Nosso Senhor da Sua casa? Mas não! Dom Williamson insiste em dizer que as vítimas do Concílio Vaticano II são os cardeais pertencentes àquela religião.
A Segunda Vítima do Concílio Vaticano II continua a ser Nosso Senhor Jesus Cristo. Agora não mais no Seu Corpo Místico, senão, no Seu Corpo Físico. Foi o Concílio Vaticano II quem promulgou a Missa Nova e a mudança (criação) em todos os sacramentos através da malfadada “Sacrosanctum Concilium”. A Missa que antes era um ato sacrificial, agora é um ato de refeitório. O Papa Paulo VI já dizia, na Introdução Geral do Novo Missal de que “A ceia do Senhor, ou Missa, é a santa assembléia ou reunião do povo de Deus que se reúne sob a presidência do sacerdote para celebrar o memorial do Senhor”. O Culto dos Católicos foi reduzido a uma mera ceia, ou assembleia sagrada. Nosso Senhor não é mais visto como sacrificado e sacrificador, como vítima expiatória e propiciatória. Agora é apenas um “memorial”. Mas não! Para dom Williamson, as vítimas do Concílio Vaticano II são os cardeais da igreja conciliar.
A Terceira vítima do Concílio Vaticano II foi a Criatura mais perfeita que Deus criou e criou para ser a Sua Mãe. Na “Lumen Gentium”, o Concílio é capaz de dizer que: “Assim avançou a Virgem pelo caminho da fé, mantendo fielmente a união com seu Filho até à cruz”. Dizer isso é um pecado! Isso faz supor que a Virgem Maria não acreditava totalmente que o Seu Filho era o Filho de Deus feito Homem e que foi acreditando nessa Verdade aos poucos, ao longo da Vida. “Isaías: Eu calquei o lagar sozinho, e das gentes não se acha homem algum comigo (63, 3). Comentando-o, observa S. Tomás: As palavras "homem algum" devem ser acentuadas por causa da Virgem, cuja fé nunca vacilou!”, conforme nos ensina Santo Afonso na sua célebre obra Glórias de Maria. Mas, não! As vítimas são os cardeais. Isso, para Dom Williamson.
A quarta vítima do Concílio Vaticano II foram os sacramentos. O Santo Batismo agora não é mais para apagar o pecado original (que para muitos nem existe), senão para “integrar o batizado à família de Deus”. Essa proposição também é verdadeira, entretanto, não é a precípua. O Santo Matrimônio também foi vítima desse sistema. Dom Lefebvre no citado livro, às página 49 nos relembra: “A Constituição pastoral Gaudium et spes contém mais de uma passagem ambígua, na qual o acento é posto na procriação ‘sem subestimar por isso os outros fins do matrimônio’. O verbo latinoposthabere permite traduzir: ‘sem colocar em segundo plano os outros fins do casamento’, o que significaria: pô-los todos no mesmo plano... Consequência: a título da sexualidade, todos os atos são permitidos: contracepção, limitação de nascimentos, e enfim, o aborto”. Da Santa Eucaristia já tratamos. A nova fórmula do Sacramento da Crisma agora não mais arroga ao crismando a responsabilidade de confirmado como soldado de Nosso Senhor Jesus Cristo, senão, a fórmula ambígua diz apenas “recebe por esse sinal o Espírito Santo, dom de Deus”. O Sacramento da Extrema Unção, modificaram até o nome. Agora, por ser “o sacramento dos idosos” puseram então o nome de “unção dos enfermos” Já não é mais o sacramento que prepara o moribundo para a morte e o encontro com o seu Justo Juiz. Dom Lefebvre na obra citada, às páginas 51 e 52 diz: “Tenho diante dos olhos uma nota distribuída numa igreja de Paris a todos os fiéis, para avisá-los da data da próxima extrema unção: ‘o sacramento dos enfermos é conferido às pessoas ainda bem conservadas, em meio a toda a comunidade cristã, durante a celebração eucarística. Data: domingo, na missa das 11 horas’. Essas extremas-unções são inválidas”. O Sacramento da Sagrada Ordem foi esvaziado de sentido e por isso os seminários da igreja conciliar estão sem vocações. O padre que outrora era o sacrificador, o sacerdote do Deus Altíssimo, agora não passa de um presidente de celebração, quando não, um animador. O Sacramento da Penitência também foi uma das vítimas. Espalhou-se por todo o mundo as chamadas “Confissões comunitárias”. Não sendo para casos extremos como queda de um avião, naufrágio de um navio, por exemplo, são totalmente inválidas. Enfim, o Concílio Vaticano II vitimou também todos os sacramentos, todavia, para Dom Williamson, as vítimas são os cardeais...
Uma quinta do Concílio Vaticano II é o povo fiel. O povo já não sabe mais se recebe sacramentos válidos e, se quando os recebe, recebe a graça própria daquele sacramento. No livro indicado, na página 31, Dom Lefebvre nos diz: “Tudo se perde, se desorganiza porque o Santo Sacrifício da Missa, profanado como está, não dá mais a graça nem mais a transmite”. Enfim, mudaram a nossa religião e fizeram outra. As máximas maçônicas da Revolução Francesa triunfaram no Concílio Vaticano II. Dom Lefebvre diz no livro, na página 100: “Se observarmos bem, é com sua divisa que a Revolução penetrou na Igreja de Deus. A liberdade é a liberdade religiosa tal como foi dito mais acima, a qual dá direito ao erro. A igualdade é a colegialidade, com a destruição da autoridade pessoal, da autoridade de Deus, do papa, dos bispos, e a lei do número. A fraternidade, enfim, é representada pelo ecumenismo”. O povo fiel foi vítima do Concílio Vaticano II, entretanto, Dom Williamson insiste em dizer que as vítimas foram os cardeais da igreja conciliar...
Vítimas foram muitos padres dos tempos do Concílio que com a crise instaurada, já não sabiam o que fazer e que por isso, “morreram prematuramente de desgosto...” conforme cita Dom Lefebvre na página 129 do aludido livro.
E como Dom Lefebvre tratava os cardeais do seu tempo?
“Eu resumi ao Cardeal Ratzinger: que mesmo se você conceder-nos um Bispo, mesmo se conceder-nos uma certa autonomia para os Bispos, mesmo se conceder-nos a Liturgia de 1962 em sua plenitude, mesmo que você permita-nos continuar com o Seminário e a Fraternidade da forma que ela funciona no momento; nós não colaboraremos! Isto é impossível! Impossível! Porque nós trabalhamos em direções diametralmente opostas. Você trabalha para a descristianização da sociedade, do ser humano e da Igreja. Nós trabalhamos para a Cristianização! Isto é lógico: Roma perdeu a Fé meus senhores amigos! Roma se encontra em Apostasia! Isso não são palavras vãs, apenas digo-lhes a verdade. Roma está em apostasia! Já não se pode confiar neles. Eles abandonaram a Igreja! Eles abandonaram a Igreja! Eles abandonaram a Igreja! Isso é absolutamente certo.” 04 de outubro de 1.987. Fonte.
“Eu creio que a Santíssima Virgem nos protegeu de nos colocarmos nas mãos do Cardeal Ratzinger... Como Ratzinger e todos os cardeais que ocupam atualmente Roma, são liberais.”Fonte.
Como Dom Williamson trata os cardeais de hoje?
“Vítimas do Concílio Vaticano II”. Fonte.
Enfim, o Profeta Jeremias diz-nos o que fazer: “Medicamos Babilônia e não há sanado. Abandonemo-la!”. Houve várias tentativas de Dom Lefebvre e Dom Antônio e outros bispos de mostrar a Roma o quanto havia saído do reto caminho da Igreja Católica, entretanto, “não há sanado”. O que fazer? “Abandonemo-la!”. E da mesma forma é dito a respeito de Dom Williamson. Ao ser advertido várias vezes, o mesmo responde apenas: “Paciência, o caos ficará ainda pior”. O que fazer? “Abandonemo-lo”.
FONTE: http://missaosagradafamilia.blogspot.com.br/2017/01/dom-williamson-e-seus-olhares-para-roma.html
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