Vai para o céu, quem morre em graça de Deus e não tem dívida alguma de pena temporal que descontar.
Quem tiver alguma dívida de pena temporal que descontar, vai antes para o purgatório.
O céu é um lugar de suma e eterna felicidade; onde se vê claramente a Deus, e se goza da posse de todos os bens sem mistura de mal.
O bem essencial do céu consiste em ver claramente a Deus.
É maior felicidade ver a Deus por um instante, do que gozar eternamente todas as riquezas, prazeres e honras que se possam imaginar neste mundo; porque o mundo inteiro comparado com Deus é como nada.
Que felicidade será, meu Deus, ver-vos, não por um instante, mas por toda a eternidade!
Os bons ficarão eternamente no céu.
Todos fomos crIados para o céu.
Vai para o céu, todo aquele que resolutamente quer ir, isto é, aquele que usa os meios necessários para consegui-lo.
Todos os homens querem ir para o céu; porém, alguns têm só o querer do preguiçoso; querem ir para o céu e não querem empregar os meios necessários para conseguir o mais precioso de todos os bens.
O céu é um prêmio de valor infinito, que Deus reserva para aqueles que o servem fielmente nesta vida.
É um prêmio tão valioso que para nô-lo conseguir, o mesmo Filho de Deus deu todo o seu sangue e a própria vida.
Si para dar-nos o céu Deus exigisse que nos prostrássemos duas horas todos os dias, ou que fizéssemos árdua penitência pelo espaço de um milhão de anos, mesmo assim, o céu seria como doado.
Deus, porém, não nos pede tanto. Satisfaz-se com que observemos seus mandamentos divinos; cousa aliás muito fácil cumprir, com o auxílio da graça divina, que nunca falta. O que nos pode fazer perder o céu é só o pecado mortal.
Se os homens fizessem para conseguir os bens eternos, a metade do que fazem para adquirir os bens da terra, seriam todos santos, e todos iriam para o céu. Mas, infelizmente, muitos há que vivem no mundo como se tivessem de ficar para sempre, descuidando-se de merecer a felicidade eterna.
No céu os prêmios são proporcionados à quantidade e qualidade de boas obras feitas em estado de graça.
Quem tem menor prêmio, não inveja ao que tem maior; assim como um menino fica satisfeito com sua roupa pequena, e não inveja a grande de um homem.
Toda a obra boa que fazemos, estando em graça de Deus tem seu merecimento e seu prêmio no céu.
O prêmio correspondente à mais insignificante das boas obras que fazemos, é superior a todos os bens materiais da terra e durará eternamente.
Procuremos aproveitar todos os dias, e até todos os instantes da nossa vida, para praticarmos todo o bem que pudermos, afim de aumentar sempre mais os nossos merecimentos e prêmios para a glória eterna. Si os que estão no céu pudessem invejar-nos, seria porque, enquanto vivemos, nós podemos aumentar mais e mais o tesouro de merecimentos e de prêmios para o céu, e eles não.
O JUÍZO
Depois da morte terá lugar imediatamente o juízo. O juízo consiste na conta que o homem deverá prestar a Deus e na sentença que pronunciará o divino Juiz.
Todos os homens serão julgados duas vezes:
A primeira na hora da morte; a segunda no fim do mundo.
Nestes juízos examinar-se-ão todos os pensamentos, desejos, palavras, obras e omissões de cada homem, desde o primeiro instante do uso da razão até ao momento da morte.
O juízo, logo depois da morte, chama-se particular, porque é de uma só pessoa. O juízo, no fim do mundo, chama-se universal, porque será para todos os homens. A sentença do juízo particular é irrevogável.
A setença do juízo universal será a confirmação do juízo particular. Quando alguém morre, sua alma irá ou para o céu, ou para o purgatório, ou para o limbo, ou para o inferno.
A MORTE
A morte é a separação da alma do corpo.
Todos devemos morrer uma só vez; mas não sabemos como, nem quando, nem onde.
Si falseamos o pé nesta vez, falseado está por toda a eternidade.
Devemos, pois, estar sempre preparados para morrer em graça de Deus.
Preparação para a morte
I
Lembra-te, ó homem, que és pó e a pó volverás, sim, pensa bem:
1º Tu morrerás. Cada ano morrem 45.000.000 pessoas, cada dia 140.000, cada hora 6.000, cada minuto cerca de 100, isso quer dizer que cada vez que respiramos, 4 almas vão para a eternidade, para o céu, ou para o inferno, tu também morrerás; é impossível escapar à morte.
2º Que é morrer? É abandonar tudo, bens, honras, prazeres, parentes, amigos, em uma palavra, as criaturas. Estás apegado aos bens, aos prazeres? A morte te arranca tudo, até a roupa do corpo. Morrer é ainda ser abandonado. As pessoas que mais nos querem têm de abandonar o que ficou de nós, o corpo, que será lançado no fundo da cova, onde será repasto dos vermes. Morrer é principalmente apresentar-se ao Tribunal de Deus para prestar contas de toda a vida, para ser julgado digno de amor ou de ódio.
3º Quando morrerás? Ainda um pouco de tempo e este mundo desaparecerá com todos os seus bens falsos e passageiros. Ainda um pouco de tempo e passará a possibilidade de te arrepender e fazer penitência e então como te apresentarás perante o juiz? Ainda um pouco de tempo e a morte virá surpreender-te, como um ladrão, disse Jesus Cristo, quando menos esperares.
4º A morte fixará a sorte eterna, no céu ou no inferno, já que não há outro lugar para onde ir.
Preparação para a morte
II
Pecadores, não vos iludais. Passais a vida no pecado mortal e esperais converter-vos e salvar-vos na hora da morte. É possível, mas extremamente difícil. Só por um milagre da misericórdia de Deus. Em regra geral, o homem morre como vive. Jesus Cristo o disse: “A árvore cai para o lado para o qual pende; o que o homem semeia é o que colhe“. Quem semeia durante toda a sua vida o pecado mortal, colhe na hora da morte o fruto do pceado mortal, uma morte péssima, diz a Escritura.
Preparemo-nos, pois, para a morte. Como? Vivendo sempre na amizade de Deus, pedindo todos os dias a graça da boa morte, pensando frequentemente nela. Pelo menos uma vez por mês, meditemos sobre a morte, que talvez esteja perto, e depois rezemos com fervor um pio exercício e oração para alcançar uma boa morte.
(do livro O pequeno Missionário, Missionários da Congregação da Missão, editora Vozes,Petrópolis, 8ª edição, 1958)
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