quarta-feira, 5 de junho de 2013

2º Parte - Citações de Monsenhor Marcel Lefebvre.

Citações de Monsenhor Marcel Lefebvre (2° parte). Extratos da conferência em 13 de dezembro de 1984 em Saint Nicolas, Paris.



Tradução: Rafael Horta 
Capela Cristo Rei - Ipatinga

(...) É, pois uma grande prova a que todos nós sofremos, é a prova da Igreja. Por que enfim, é preciso bem reconhecer, a situação exterior e de certa maneira a situação jurídica (ao menos jurídica no sentido do direito puramente literal) não é normal, é verdade. Assim, não temos relações normais com os bispos, com os padres que estão a nossa volta e que fazem também um apostolado. Qual apostolado? Mas enfim, estes são padres que estão nas paróquias ainda; as relações que temos com eles não são, evidentemente, relações que deveríamos ter normalmente na Santa Igreja. Sem relações normais com os bispos, com os padres que nos cercam, sem relações normais com os religiosos e religiosas, com uma boa parte dos fiéis, com Roma mesmo. É uma provação terrível, por que é anormal. Mas esta anomalia não vem de nós; vem deles, de todos aqueles que não seguiram a Tradição da Igreja, que em definitivo se colocaram fora da legalidade, fora da Fé, sim, fora da Fé. Mas, de qualquer forma, estamos persuadidos que eles estão errados, eles que mudaram de caminho, eles romperam com a Tradição da Igreja, eles que se lançaram em busca de novidades, estamos convencidos disso; é por isso que não podemos nos reunir com eles, não podemos trabalhar com eles; não podemos colaborar com pessoas que se afastaram do espírito da Igreja, da Tradição da igreja.

(...) Quem não tem Jesus Cristo não tem o Pai, diz São João, e não tem o Pai quem não tem Nosso Senhor Jesus Cristo. Essa guerra instaurada pelos judeus e que é continuada pela Maçonaria é dirigida por Satanás, por todos os meios.

Então chegamos à traição, a traição dos católicos pelo liberalismo. Os liberais são aqueles que se comprometem com essas pessoas, com aqueles que proclamam a liberdade e independência de Deus, nos Direitos do Homem. Com efeito, a liberdade religiosa não é outra coisa que um dos artigos da Constituição dos Direitos do Homem, da proclamação dos direitos do homem e mesmo ecumenismo não é senão uma consequência da liberdade religiosa, da “igualdade”; da igualdade que arruína toda a natureza como o Bom Deus a fez.

Somos todos nascidos desiguais. Sem dúvida somos iguais por nossa natureza, mas o Bom Deus quis que fossemos desiguais nos dons, nos dons que Eles nos deram para a organização da sociedade. Entre nós, para que haja uma ordem cristã, uma hierarquia cristã. Essa desigualdade está fundamentalmente na natureza querida por Deus; mesmo a propriedade privada, que dá fundamento as desigualdades, é querida por Deus; todas essas coisas são queridas por Deus.

Ora, o liberalismo fez um pacto com as ideias satânicas do mundo em revolta contra Deus e contra todas as leis que Deus fez, naturais e sobrenaturais. O liberalismo quer se unir a essas pessoas e admitir esses princípios. Então nós que queremos salvar justamente e reconstituir esta dependência de Deus e de Nosso Senhor Jesus Cristo em nós, ao redor de nós, pela intercessão da Santíssima Virgem Maria. Nós nos revoltamos contra aqueles que não querem a dependência de Deus, a dependência de Nosso Senhor Jesus Cristo e contra aqueles que arruinaram a dependência de Nosso Senhor.

Ora, é isso que fazem os homens da Igreja atualmente. Nós vemos sob nossos olhares, está claro, em todos os lugares. Desde o Concílio o liberalismo investiu sobre os postos mais altos e importantes na Igreja, desde o Papa até os cardeais de Roma e a Cúria.

O liberalismo se implantou na Igreja, é um compromisso dos homens da Igreja com os homens de Satanás, não é um pacto aberto. Não há mais luta contra Satanás, não há mais guerra contra aqueles que proclamam a independência para com Deus. Está tudo terminado; e este pacto foi assinado na ocasião do Concílio abertamente, publicamente com os maçons, com os protestantes, com os comunistas. Nós assistimos a este casamento, este casamento adúltero, abominável entre os homens da Igreja e a revolução e as ideias que vão contra Deus e Nosso Senhor Jesus Cristo e seu Reino. É abominável.

E isto se prova ainda agora recentemente pela entrevista concedida pelo cardeal Ratzinger, entrevista que foi publicada em 14 paginas. Um livro será publicado em breve, no próximo mês de janeiro sobre essa entrevista que, durou vários dias. A pessoa que fez essa entrevista vai, pois editar um livro. Penso que a frase que será dita aqui por essa pessoa (é uma conversa com o cardeal Ratzinger) vai será seguramente mencionada. Ela é de uma importância capital. Se há muitas coisas boas na entrevista, existem coisas extremamente más nas palavras do cardeal Ratzinger que nos mostram a gravidade da situação atual quando se pensa que o cardeal é aquele que está na cabeça da Congregação dita “para a doutrina da Fé” que, infelizmente, não é mais o Santo Ofício.

Eis a frase que se encontra à página 72 desta revista italiana: “Então, um pouco inquieto disse ao cardeal – disse a pessoa que interrogava o cardeal – a situação da Igreja terá verdadeiramente mudado”?

“Sim (a resposta é grave), sim. O problema dos anos 60 era de adquirir os valores melhores exprimidos em dois séculos de cultura liberal. (Eis o problema dos anos 60). Existem valores que, bem que tenham nascido fora da Igreja (admiráveis as besteiras ditas: que nasceram fora da Igreja)! Podem encontrar seu lugar, daqui para frente, desde que sejam “depurados e corrigidos” (O que ele quer dizer? Em todo caso os valores podem encontrar seu lugar) em sua visão do mundo. E assim se fez. Está terminado para ele. É um assunto encerrado. A Igreja, durante os anos 60, no decorrer do Concílio praticamente, adquiriu valores vindos de fora da Igreja, da cultura liberal, dois séculos de cultura liberal. Está claro que são os direitos do homem, a liberdade religiosa, o ecumenismo. É satânico.

Então o cardeal disse: “Isto já está feito. Mas, acresce ele, agora o clima é pouco favorável. Agora é preciso procurar por um novo equilíbrio”.

Ele não disse que é preciso tirar esses princípios, esses valores que veem da cultura liberal, mas que é preciso tentar encontrar um novo equilíbrio. Esse novo equilíbrio é a Opus Dei. O equilíbrio da Opus Dei é um equilíbrio exterior de tradicionalismo, de piedade, de disciplina religiosa, com ideias liberais. É preciso guardar as ideias liberais. Nada de acabar com as ideias liberais. Nada de lutar contra os direitos dos homens, contra o ecumenismo ou contra a liberdade religiosa que é um direito essencial do homem, claro.

Então penso que é preciso julgar todos os atos de Roma, atualmente, nesta ótica, na ótica do cardeal Ratzinger por que ele é o porta-voz: guardar as ideias liberais; nada de mudar aquilo de novo que já conquistamos nos anos 60 e que é agora da Igreja. As ideias liberais, certas ideias liberais podem fazer parte da visão que a Igreja tem do mundo, mas é preciso buscar um equilíbrio. Então, para esse equilíbrio é necessário atacar um pouco a Teologia da Libertação, é preciso atacar um pouco os bispos franceses por causa do catecismo, é preciso dar àqueles que tem certa nostalgia da antiga Missa, uma pequena satisfação. É a mesma coisa para a teologia da libertação, não se abandona o princípio, por que, em seus documentos há uma teologia da libertação que é possível, há uma teologia da libertação para os pobres, que não é mais nem menos que a solução marxista da libertação. Eles estão sempre em contradição.

Em definitivo, eles dão a impressão de querer retornar a Tradição, mas eles não querem, eles não querem e não aceitam as conclusões que todos estes falsos teólogos e de todos esses bispos que são revolucionários, que levam a revolução a frente.

Encontramos-nos atualmente nessa situação. É claríssimo que nesta entrevista do Cardeal Ratzinger. Eu penso que é esta visão que deve nos guiar em nossa situação atual. Não nos iludamos crendo que, por estes pequenos golpes que nos são dados de todos os lados, assistiremos um retorno completo a Tradição. Não é verdade. Eles continuam sempre com o espírito liberal. São sempre os liberais que comandam Roma e eles continuam liberais (...).

Penso ter dito o que queria vos dizer e vos dar uma mesma linha de conduta nos acontecimentos atuais que vão, talvez, se precipitar.Haverá talvez outras manifestações de certos ‘golpes’ no Vaticano; em meu ponto de vista, é muito perigoso nos aproximarmos agora. Sem aproximações com os liberais; sem aproximações com os eclesiásticos que comandam a Igreja agora e que são liberais. Não pode haver aproximação. Se nos aproximarmos seria uma aceitação dos princípios liberais. Não o podemos, mesmo se nos dessem a Missa de São Pio V, reconhecimentos, encardinações, etc. Um bispo poderia vos dizer “eu vos incardino em minha diocese, vos dou a Missa de São Pio V, mas em vossa paróquia se dirá também a nova Missa. Será preciso que vós aceiteis de vez em quando dar a comunhão nas mãos que agora é costume. Será preciso que dizer a Missa virada para o povo que já está habituado a isso. Compreendam que não pode ser feito de outro modo. E depois, enfim, é preciso, sobretudo aceitar o Concílio, com todas as consequências que isso representa, com suas ideias...”.

Não é possível, não podemos nos comprometer ! Que eles nos devolvam tudo. Que eles saiam de seu liberalismo, que retornem à Verdade da Igreja, à Fé da Igreja, aos principios fundamentais da Igreja, desta dependencia total das sociedades, das famílias e dos indivíduos à Nosso Senhor Jesus Cristo. Então neste Momento, que nos dão a Missa de Sempre. Muito bem, então nós estaremos perfeitamente de acordo. Haverá um entendimente perfeito e nós poderemos ser reconhecidos e não teremos mais escrúpulos.


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