sexta-feira, 13 de maio de 2016

O Concílio e Fátima



- Dom Antônio de Castro Mayer

            Numa das aparições com que sua materna solicitude nos visitou na pessoa da Irmã Lúcia, em Fátima, a Virgem Santíssima Senhora Nossa pediu a consagração de todo o mundo, com referência especial da Rússia, ao seu Imaculado Coração. Esta consagração, segundo a promessa da Mãe de Deus, abreviaria as tribulações do Mundo, que são castigos dos pecados dos homens, e seria a salvação da Rússia. A consagração deveria ser feita pelo Papa em união com todos os bispos do Mundo. É o que Nossa Senhora pediu em 1929, numa de suas aparições fora da Cova da Iria.

            Entra pelos olhos que o Concílio seria a ocasião mais apta para a realização do pedido de Maria Santíssima. No Concílio estavam reunidos em Roma, centro da Cristandade, em torno do Papa, praticamente todos os bispos do Mundo. Em nada atrapalharia os trabalhos conciliares, como não foram tidas como empecilhos outras solenidades, até sem cunho religioso, como as comemorações de Dante Alighieri que carreou para Florença boa parte dos padres conciliares. Por isso mesmo, mais de seiscentos bispos apresentaram ao Santo Padre, Paulo VI, uma súplica nesse sentido. Houve conversas, abaixo-assinados, audiências, tudo, enfim, que acompanha démarche desse gênero. Resultado: nada feito. Paulo VI não atendeu ao pedido dos padres conciliares. Como uma espécie de “ficha de consolação” declarou Maria Santíssima Mãe da Igreja. E nada mais.

            Por que semelhante recusa de Paulo Vi?

            Já lembramos que, no início do Concílio, João XXIII assumiu com o Patriarcado de Moscou o compromisso de que o Concílio não renovaria a condenação do Comunismo, nem discutiria o Comunismo nas suas assembléias. Em tais condições, como fazer-se no Concílio a consagração ao Imaculado Coração de Maria, cujo fim era principalmente alertar contra o inimigo número um da Cristandade, o Comunismo?

            - Impossível!

            A dolorosa conclusão dos fatos é que os fautores do Concílio, ainda eu involuntariamente, levaram o Vaticano II a colaborar pela solidificação dos regimes marxistas mesmos nas nações católicas.

Monitor Campista, 06/03/1983
Heri et Hodie, nº2, abril de 1983

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