O BOM-HUMOR DO PADRE PIO
O bom-humor, a vontade de brincar e o estado de alegria têm um grande significado na vida espiritual. São sinal de consciência tranquila e de boas relações com o resto do mundo, bem como de inteligência e humildade.
No entanto, são, sobretudo, consequência das virtudes teologais da fé e da esperança. A fé recorda ao cristão que ele é “filho de Deus”, destinado ao “Reino celeste” e à “vida eterna” em corpo e alma. A esperança impele-o a desfrutar já, nesta vida, daquilo que terá na outra.
Quem detém semelhante “certeza”, e de vez em quando pensa nela, nunca pode estar triste, melancólico, deprimido ou desanimado. Isso pode acontecer-lhe por alguns instantes, mas logo a seguir, mal pensa no próprio destino e nas promessas de Deus, volta a alegrar-se. “Alegres na esperança, fortes na fé”, exortava São Paulo.
Por isso, os santos sempre foram otimistas, sempre tiveram um fundo de alegria contagiante. As biografias que os descrevem como macambúzios, carrancudos e introvertidos não são dignas de crédito. Um santo triste seria contradição. Só nos momentos em que medita sobre as próprias deficiências, sobre as próprias faltas, experimenta dor e amargura. A certeza, porém, do amor de Deus, que é seu “pai”, inflama-lhe o coração e introdu-lo de novo na alegria.
São Francisco, como refere Tomás de Celano, seu biógrafo, recomendava aos seus discípulos: “Cuidem os irmãos de nunca se mostrarem tristes e sombrios, como os hipócritas, mas alegres no Senhor, risonhos e amáveis, dentro dos limites da conveniência.”
O coração do Padre Pio transbordava de fé e de esperança. Mesmo no meio dos maiores sofrimentos físicos e morais, a imensa alegria, proveniente da consciência de ser “filho de Deus, herdeiro do Reino dos céus”, nunca o abandonava. Sentia-se forte, leve, sereno e seguro. Então, quando estava com os seus confrades e amigos, a sua graça irrompia em piadas e riso, tornando-se a expressão objetiva do seu estado de alma. Ria muito, e com satisfação.
O QUE ELE DISSE
No adro da igreja, um rapaz vendia fotografias do Padre Pio: “Quem quer comprar o Padre Pio? São duas liras.” Ouvindo a voz do rapaz, o Padre Pio olhou, sorridente, para um confrade que estava a seu lado e depois, voltando-se para o crucifixo, suplicou, em tom de desculpa confiante: “Perdoa, Jesus! Que diferença há entre mim e Ti: Tu foste vendido, eu sou comprado!”
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“Padre, um meu familiar há dois anos que não anda bem. Espera a vossa resposta; que devo dizer-lhe? – Diz-lhe que eu há setenta anos que não ando bem”.
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“Sabem dizer-me por que razão os médicos nunca fazem greve?” Ninguém respondeu: E ele prosseguiu: “Nunca fazem greve, porque se aperceberam que os doentes, mesmo sem o seus serviços, se curam igualmente, e ainda mais depressa.”
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Chamava aos advogados, sempre em tom de brincadeira: “Aldrabões de marca”.
“Em tempos, depois de todas as categorias profissionais já terem eleito o seu próprio santo protetor, também os advogados decidiram escolher o padroeiro da sua classe. No entanto, como discordavam quanto à escolha, convocaram uma assembleia geral.
Reuniram-se numa grande sala e encostaram à parede as imagens dos vários santos candidatos ao título de “protetor dos advogados”.
Discutiram longamente mas, não chegando a consenso, decidiram confiar a escolha à sorte. Proclamariam padroeiro da sua categoria o santo cuja imagem fosse tocada em primeiro lugar por um deles, de olhos previamente vendados.
Escolheram o seu representante. Puseram-lhe uma grossa venda nos olhos, conduziram-no até ao centro da sala, fizeram-no dar várias voltas sobre si próprio, de maneira a ficar desorientado e a não se lembrar da disposição das imagens.
O eleito teve dificuldade em encontrar a direção certa, mas, por fim, ficou diante das imagens alinhadas, e abraçou uma delas com toda a força. Na sala, fez-se um grande silêncio: o advogado vendado tinha abraçado a figura de Satanás, que o Arcanjo São Miguel calcava aos pés.”
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O Padre Constantino era um pouco surdo e usava um aparelho acústico. O Padre Pio perguntou-lhe: “Agora ouves melhor? Onde está o aparelho?”
“Está aqui”, respondeu o Padre Constantino, mostrando-lho.
“E se o tirares?”, perguntou o Padre Pio.
“Então, deixo de ouvir”, replicou o seu confrade.
“Tira-o um pouco, para nós o vermos”, pediu o Padre Pio.
O Padre Constantino tirou o aparelho e mostrou-o ao Padre. Este, dirigindo-se aos circunstantes, comentou: “Força, aproveitem enquanto é tempo: digam mal do Padre Constantino, que ele agora não ouve.”
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“Certo dia, Jesus, ao passear pelo paraíso, viu passar muitas carrancas medonhas. Chama São Pedro e pergunta-lhe: ‘Que está a acontecer? Parece que transferimos o estabelecimento prisional para o paraíso.’ Pedro explica: ‘Senhor, não sei como fazem, entram, e ninguém sabe por onde.’ Jesus ordena-lhe que aperte mais a vigilância. Passados alguns dias, Jesus vê que as carrancas medonhas aumentaram de número. Chama de novo Pedro, e diz-lhe: ‘Dá-me as chaves, pois já não sabes desempenhar bem o teu trabalho.’ Pedro replica: ‘Senhor, a culpa não é minha. Eu fecho a porta na cara daqueles monstros horrendos, mas vossa Mãe abre as janelas e deixa entrar toda a gente.’”
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