quarta-feira, 3 de outubro de 2012

PIEDOSO EXERCÍCIO DE PREPARAÇÃO PARA UMA BOA MORTE


                                         ( São José, Padroeiro da boa morte, rogai por nós) 

“Estais preparados, porque o Filho do Homem virá na hora, em que menos pensardes” (Lc 12, 40)

“A morte dos pecadores é péssima” (Ps 33)

“Preciosa é aos olhos do Senhor a morte dos seus Santos” (Os 115)

“Bem Aventurados os mortos que morrem no Senhor, porque as obras deles os seguem” (Apoc 14, 13)

Nota: A nossa eterna salvação depende da graça de uma boa morte. Para conseguir esta graça, deves suplicar muitas vezes a misericórdia divina com fervorosas orações, e fazer, de vez em quando, uma preparação prática para a morte. Não julgues, que este exercício piedoso e salutar torne a tua vida triste e amarga. Pelo contrário, te trará tranqüilidade de espírito, paz da alma, consolação inefável e grande alívio na hora de tua morte. A lembrança da morte preservar-te-á de pecados, dar-te-á força contra as tentações; teu fim será precioso e o trânsito feliz à vida eterna, enquanto que a morte dos que não se preparam, é péssima e porta do inferno. “Vigiai, porque não sabeis, quando o Senhor virá!” Escolhe, pois, um dia em cada mês para consagra-lo ao negócio de tua eterna salvação. Livra-te, quanto possível, dos negócios temporais, e recebe nesse dia os Sacramentos da Confissão e da Comunhão, com muita devoção, como se fora a última vez. Depois, numa meia hora mais livre e tranqüila, recolhe-te na presença de Deus, no teu quarto ou na Igreja diante do tabernáculo, lembra-te vivamente de tua morte e da última agonia, e reza com toda a atenção e devoção os seguintes atos e orações que então nos horrores da morte talvez não possas fazer.


Oração a Maria Santíssima
Ó Maria, concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós.
Ó Maria, refúgio dos pecadores, Mãe dos agonizantes, não nos desampareis na hora da nossa morte, mas alcançai-nos uma dor perfeita, uma contrição sincera, a remissão dos nossos pecados, digna recepção do santíssimo Viático, a fortaleza do Sacramento da Extrema-Unção, para que possamos seguros apresentar-nos ante o trono do justo, mas também misericordioso Juiz, Deus e Redentor nosso. Amém.

(100 dias de Indulgência)


Ato de Fé
Creio em um só Deus em três pessoas: Padre, Filho e Espírito Santo. Creio em Jesus Cristo, Filho de Deus, que se fez homem, morreu na cruz para me dar a vida eterna.
Creio tudo o que ensina a santa Igreja Católica, porque Vós, meu Deus, que sois a mesma verdade, o revelastes.
Protesto solenemente na vossa presença, ó meu Deus, e na presença de meu Anjo, que quero morrer verdadeiro filho da santa Igreja, e que tenho horror a todos os pensamentos contrários à fé que o inimigo infernal procure sugerir-me na minha agonia.

Olhando para o Crucifixo e beijando-o

Sim, meu Senhor Jesus Cristo, a despeito de todas as ignomínias de vossa dolorosa morte, eu creio que Vós sois o verdadeiro Filho de Deus vivo.
Aumentai a minha fé, ó Jesus!


Ato de Esperança
Meu Deus, ainda que o grande número de meus pecados e sua enormidade me tornem indigno de perdão, contudo o espero de Vós pela vossa imensa bondade e misericórdia infinita.
Espero perdão, Deus de misericórdia, pelos merecimentos de Jesus Cristo, vosso amado Filho.
Vós sois, ó meu Deus, todo o meu amparo; tenho confiança inabalável em Jesus Cristo, vosso amado Filho, e nas vossas divinas promessas, pelas quais Vos suplico que me recebais na hora de minha morte, afim de que eu viva eternamente convosco.

Beijando a imagem de Jesus crucificado

Ó meu Deus, quanto é bem fundada a minha esperança!
Meu Salvador, meu amado Jesus, vendo-Vos morrer na cruz, e derramar pela minha salvação todo o Sangue de vossas veias, qual não deverá ser a minha esperança!
Em Vós, Senhor, espero; não serei confundido eternamente.
Vós, Senhor, sois meu refúgio na hora da minha morte. Fortificai a minha esperança!


Ato de Caridade
Majestade amabilíssima, eu Vos amo mais que a vida, e contente a perderei, sacrificando-a por amor de Vós.
Amo-vos de todo o meu coração, sobre todas as coisas, porque Vós sois digno de todo o amor.
Amo também o meu próximo, e mesmo os meus inimigos por amor de Vós. Ó meu Deus, peço perdão de todo o meu coração àqueles que ofendi; e de boa vontade perdôo a todos que me querem mal, e a todos que mo têm feito.

Olhando para o Crucifixo

“Meu Pai, perdoai-lhes, porque não sabem o que fazem”; perdoai-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nosso devedores.


Ato de Contrição
Meu Deus e Senhor, tende piedade de mim, segundo a vossa grande misericórdia; e segundo o excesso de vossa piedade, perdoai-me todos os meus pecados.
Não Vos lembreis dos pecados que em minha mocidade cometi, mais por imprudência do que por malícia.
Ó meu Deus, quanto fui ingrato! Mas eu Vos ofereço em união com o precioso Sangue de meu divino Salvador, em satisfação de minhas culpas, um coração extremamente arrependido, e uma alma submergida na amargura de seu íntimo pesar.
Ó dulcíssimo Jesus, não sejais para mim Juiz, mas Salvador!

(50 dias de Indulgência)


Ato de Humildade
Quanto me considero feliz na vossa graça, no vosso amor, ainda mesmo nas dores e aflições da enfermidade, ó meu Deus, eu que bem podia estar já no fogo do inferno entre os condenados!
Reconheço, Senhor, que me tratais com suma bondade, pois que, pelos meus pecados, mereci penas infinitas.
Vós sois justo, Senhor, e justo são os vossos juízos! Sei bem porque devo sofrer. Recebemos o castigo que merecemos.
Quero suportar a ira do Senhor, porque pequei contra Ele.


Ato de Resignação
Seja feita a vossa vontade, ó meu Senhor; e não a minha. Quereis, meu Deus, que eu morra? Eu me submeto e me entrego absolutamente aos vossos santos juízos; adoro-os com todo o afeto de minha alma, dizendo-Vos do íntimo do meu coração e no espírito de Jesus Cristo, vosso amado Filho: “Meu Pai, se não é possível que este cálice passe, sem que eu beba, cumpra-se a vossa vontade”.


Ato de Agradecimento
Ó meu Deus, com a mais profunda humildade Vos rendo graças pelos anos de vida e de saúde que me concedestes, e também pelas dores que sofro, e que hei de sofrer na hora de minha morte, pois que tudo provém do vosso amor.
Dou-Vos, igualmente graças, e jamais cessarei de Vo-las dar por todos os benefícios que recebi da vossa bondade durante a minha vida.
Bendirei ao Senhor em todo o tempo; o seu louvor esteja sempre em minha boca.
Bendito sois Vós, Senhor, no firmamento do céu, e louvável e glorioso para sempre!

Tendo rezado estes atos, faze sentado, com todo o recolhimento, meditando e pensando na hora de tua morte, a seguinte Leitura Espiritual.


I
Bem depressa te concluirás neste mundo; por isso olha como vives. Hoje está vivo o homem, e amanhã já não existe!
Em se perdendo de vista, também depressa se perde da lembrança.
Que cegueira e dureza a do coração humano, que só pensa no presente, sem cuidar do futuro!
De tal modo te deves conduzir em todos os teus pensamentos e em todas as tuas obras, como se hoje mesmo houveras de morrer.
Se tivesses boa consciência, não temerias muito a morte.
Se não estás preparado hoje, como estarás amanhã?
O dia seguinte é incerto: e como sabes que o terás?
Ah! Nem sempre a longa vida nos emenda, antes aumenta as culpas.
Oxalá um só dia tivéramos bem vivido neste mundo!
Se morrer é tão medonho, muito mais talvez ainda seja viver por muito tempo.


II
Ditoso quem sempre tem na vista a hora da morte, e dispõe-se a cada dia a morrer!
Lembra-te pela manhã que podes não chegar à noite; em chegando, porém, à noite, não contes a chegar até a manhã.
Prepara-te sempre, e vive de tal modo, que nunca te encontre a morte despercebido.
Muitos morrem inesperada e repentinamente, pois que, quando menos se pensar, o Filho do Homem há de vir.
Quando vier essa última hora, bem diversamente começarás a julgar de toda a tua vida passada, e muito te arrependerás de teres sido tão negligente e remisso.
Como é prudente e feliz aquele que se esforça por ser agora em vida, como deseja sê-lo na morte!
Pois o que dará grande confiança de morrer venturosamente, é o perfeito desprezo do mundo, a penitência, a obediência, a renúncia de si mesmo e a paciência em sofrer qualquer adversidade por amor de Jesus.
Em havendo boa saúde, muito fácil é praticar o bem; uma vez, porém, doente, não sei de que serás capaz; poucos se emendam com as enfermidades.
Não difiras para mais tarde tua salvação; melhor é fazer com tempo provisão de boas obras e envia-las com antecipação, que esperar no socorro dos demais, porque os homens se esquecerão de ti mais cedo do que pensas.
Agora é o tempo precioso, agora são os dias da salvação, agora é o tempo aceitável!
Mas que pena, que não o gastes mais utilmente, podendo conseguir com ele o viver eternamente!
Virá, porém, um momento em que desejarás um dia ou uma hora para emendar-te, e não sei se o conseguirás.


III
Ah! Irmão caríssimo, de quantos perigos te poderias livrar, de quantos temores fugir, se estiveras sempre temeroso e desconfiado da morte.
Trata agora de viver de tal modo, que na hora da morte possas antes alegrar-te, que temer.
Aprende agora a morrer para o mundo, para que então comeces a viver com Jesus.
Castiga agora o teu corpo pela penitência, para que então possas ter confiança certa.
Ah! que loucura! Como cuidas que hás de viver muito tempo, se um só dia não tens seguro?
Quantos se deixaram enganar, e, de improviso, foram arrancados de seus corpos!
A vida do homem como sombra passa em um instante.
Faze, faze, agora, meu amigo, o que te for possível, pois não sabes, quando morrerás, nem o que te acontecerá depois da morte.
Enquanto tens tempo, reúne riquezas imortais.
Não cuides senão de tua salvação, e nem te preocupes senão das coisas de Deus.
Em venerando os Santos de Deus e imitando a sua vida, fazer agora deles os teus amigos, de sorte que, quando venhas a morrer, sejas por eles recebido nos tabernáculos eternos.
Vive sobre a terra como peregrino e hóspede, que nada tem que ver com os negócios do mundo.
Conserva o teu coração livre e levantado a Deus, porque aqui não tens morada permanente.
Para o céu é que deves dirigir todos os dias as tuas lágrimas e os teus gemidos, para que depois da morte mereças a felicidade de passar para o Senhor. Amém. (Imit. 1. 23.)


Ato de Súplica
Ó meu Deus, concedei-me a graça de receber a minha morte, assim como devo e como Vós quereis. Dai-me a força e as disposições necessárias para executar perfeitamente todos os vossos desígnios.
Santificai a minha morte, meu Deus, pelos merecimentos da morte de vosso amado Filho, fazendo que a divina palavra que Ele disse na cruz: “Meu Pai, perdoai-lhes, porque eles não sabem o que fazem”, me obtenha de vossa bondade a indulgência plenária de todas as ofensas, com que Vos tenho agravado.
Que a sede abrasadora que Jesus teve de vossa glória e de minha salvação, e que exprimiu, dizendo: “Tenho sede”, repare toda a minha tibieza e acenda no meu coração um desejo ardente de Vos glorificar.
Que a palavra com que Jesus Vos encomendou sua alma no momento se sua morte, Vos induza a receber a minha alma no último suspiro de minha vida.
Que a palavra que Ele proferiu, dizendo: “Está tudo consumado”, me obtenha a graça de que consumeis em mim, antes que eu morra, quanto pretendeis para a vossa honra.
Que a água sagrada e o Sangue precioso que saiu de seu lado, lavem as minhas manchas, e que o seu Coração, traspassado por mim, me sirva de refúgio na minha última agonia.
Escondei-me no Coração amorosíssimo de Jesus, vosso amado Filho, meu Salvador. Ponde-me a coberto das ciladas de meus inimigos, nesse divino santuário e nessas chagas sacrossantas.

Lançando os olhos à cruz, beijando-a

Pertenço a Vós, ó Jesus, salvai-me! Vós sois meu protetor, não Vos afasteis de mim, porque a tribulação está próxima, e não há quem me ajude.
Lembrai-Vos de mim. Tende piedade de mim. Vede a minha dor, e perdoai-me todos os meus delitos.
Ato de Aceitação
Meu Senhor e meu Deus, Vós bateis à minha porta; aqui tendes o meu coração aberto para Vos receber; estou pronto a passar à outra vida, logo que assim o queirais.
Sois justo, Senhor, e reto é o vosso juízo; adoro a vossa eterna justiça, e confesso diante do céu e da terra: Mereço a morte por minha culpa, por minha culpa, por minha máxima culpa.
Ah meu Pai, devo algum dia morrer e descer ao sepulcro. Que castigo tão doloroso! Mas se é grande a vossa justiça, maior é a vossa misericórdia. Vosso divino Filho, Jesus Cristo, meu Salvador, morreu por mim, livrando-me da morte eterna e suavizando os horrores da morte temporal. Se eu aceitar e sofrer a morte por vosso amor, ela será um ato heróico, um sacrifício sublime que Vos agrada.
Assim morreu Maria Santíssima, minha Mãe, e sua morte foi preciosíssima; assim morreram os Santos, e sua morte foi o trânsito feliz à vida eterna.

“Portanto, Senhor, meu Deus, desde já aceito de vossa mão, com resignação e de boa vontade, qualquer gênero de morte, conforme Vos aprouver, com todas as suas angústias, penas e dores” *

Aceito a morte, ó meu Deus, para Vos reconhecer por supremo Senhor da vida e da morte, e para adorar assim com a mais profunda humildade a vossa divina Majestade, o vosso poder divino e o direito absoluto que tendes sobre mim. Quero morrer, ó meu Senhor e Deus, para Vos adorar.
Aceito a morte, meu Deus, como Jesus, em espírito de gratidão e amor. Oh, quanto me amastes desde toda a eternidade! Como poderei retribuir-Vos os inumeráveis benefícios que me fizestes? Nada tenho neste mundo que me seja mais caro que a vida, eu Vo-la dou, de boa vontade, em testemunho do meu amor e de minha gratidão. Quero morrer, para Vos mostrar o meu amor.
Aceito a morte, é meu Deus, pelo zelo de vossa honra, como uma confissão pública que faço de meus pecados, diante de vossa divina Majestade, diante dos Anjos e dos homens e diante de todas as criaturas, como um suplício que quero sofrer em desagravo e reparação de todos os pecados do mundo, e para restituir-Vos, do modo que me é possível, a glória que Vos tirei durante a minha vida. Consinto, pois, que minha alma seja separada do corpo em castigo de tantas vezes se haver separado de Vós pelo pecado. Aceito a perda de todos os meus sentidos em desconto dos pecados que com eles cometi; meu corpo seja enterrado, comido dos bichos, e reduzido ao pó, em castigo e penitência pelos prazeres mundanos, e pelos crimes com que, por meio dele, tantas vezes Vos ofendi.
Ó meu Deus, quero morrer em reparação dos meus pecados e de todos os pecados do mundo.
Enfim aceito e ofereço-Vos a minha agonia e morte, para chamar sobre mim e sobre todos os homens as graças de vossa divina misericórdia. Ofereço-Vos, meu Deus, a minha morte em união com a sagrada paixão e morte de Jesus, pelo Coração imaculado de Maria, para consolar os aflitos, para converter os pecadores, para ajudar aos moribundos e para livrar as almas do purgatório. Assisti-me, Senhor, meu Deus, para que assim minha morte, ainda que dolorosa, seja ao mesmo tempo preciosa, pelos merecimentos de Jesus e pela intercessão de Maria. Amém.

* Nota: O fiel cristão que, em qualquer dia, tendo-se confessado e comungado, com sincero afeto de amor para com Deus, rezar estas palavras, ganhará uma indulgência planária na hora da morte.



"Dê-me, Senhor, agudeza para entender, capacidade para reter, método e faculdade para aprender, sutileza para interpretar, graça e abundância para falar. Dê-me, Senhor, acerto ao começar, direção ao progredir e perfeição ao concluir"
(Santo Tomás de Aquino)

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