-Por Geovanne Maria Moreira
INTRODUÇÃO
Conforme publicado na “grande mídia da
Resistência”, Dom Tomás de Aquino, OSB, agora já bispo, esteve em Contagem/MG
(Região Metropolitana de Belo Horizonte/Capital) na chamada Capela Nossa
Senhora das Graças, espaço que outrora sediava a Missão Nossa Senhora das Graças, e no dia 02 de
abril de 2.016, nos concedeu uma entrevista da qual passarei a escrever e
comentar. Antes de qualquer coisa, gostaria de dizer que colocarei no
papel a impressão pessoal que tive ao entrevistar o bispo, bem como
nas conversas informais. Volto a dizer: esta foi a minha impressão pessoal que
pode falhar, diferente de alguns renomados blogs e figuras que estão em moda
que são infalíveis.
O bispo sabia que eu iria
entrevistá-lo, haja vista um comunicado prévio para tanto, o que era conditio
sine qua non de eu estar ali e ele sabia disso. Vou sublinhar tudo o
que penso ser importante. O sublinhado não quer dizer que houve ênfase
nas palavras ou frases. Os colchetes ([ ]) serão usados para indicar que
aquilo que está entre eles não compõe a fala do interlocutor.
Conforme
pré-avisado, este será o último trabalho deste blog a respeito deste
tema (Williamson & Cia.), excetuando escândalos, motivos de força maior e
ordem superior. Os motivos já foram dados.
Todos os direitos reservados. Proíbe-se a citação desta entrevista com desfoque do que
nela contém. Não traduzirei para outras línguas este trabalho para não dizerem
que eu mudei o sentido das palavras. Sente-se porque o texto é longo.
Foto retirada do blog "Reconquista".
Se quiserem que eu retiro a fotografia é só avisar, porque eu tenho outras. |
MISSA NOVA É UMA MISSA DA IGREJA
CATÓLICA?
Inicio a entrevista com a seguinte
pergunta: “A Missa Nova é uma missa da Igreja Católica, propriamente dita?” O
que me é respondido: “Pergunta simples cuja exatidão dos termos é privilégio
dos grandes teólogos, [por] que tem que ter precisão nos termos. Um pouquinho
como o caso de Judas [o Iscariote]. Judas é da Igreja Católica ou não é?
Difícil! Quando Judas batizava era Cristo quem batizava. Quando São Pedro
batizava era Cristo quem batizava. A graça de Cristo passava por São Pedro e
passava também através de Judas. Em um certo sentido, Judas é católico [por]
que é instrumento da graça, em outro sentido, Judas não é católico. Então a
Missa [Nova] feita num espírito protestante, ela conduz a heresia e, neste
ponto de vista, ela não é católica, mas ela foi feita por um Papa que Monsenhor
Lefebvre e Castro Mayer pensavam – Monsenhor Lefebvre era mais firme na recusa
do sedevacantismo, Monsenhor de Castro Mayer era mais assim... tentado para o
sedevacantismo – mas digamos, o aparato jurídico para a sua promulgação era,
estava, digamos, dentro das normas, mas o que foi feito é contra as normas.
Igual a um advogado que engana, ele é advogado, ou um juiz que está ali e trai
a sua missão. Enquanto juiz, ele é juiz e pertence a Justiça, mas enquanto que
ele aprova a injustiça ele é contrário a sua própria profissão, então ele
pertence ao aparato da Justiça? Exteriormente sim, interiormente não. É um
traidor. Então, essa Missa [Nova] é uma missa traidora. Uma missa que conduz a
heresia. Agora, dentro deste contexto delicado, as palavras exatas, tem de
pedir aos grandes, ao meu padroeiro [São Tomás de Aquino] e não a mim. São
Tomás tinha o dom de encontrar a palavra chave e resumir toda a questão em duas
palavras. Eu, sinceramente, não cheguei lá ainda. Mas, resumindo, eu diria, ela
é católica pela sua origem jurídica mas não é católica pelo seu
conteúdo. Alguém pode encontrar uma terminologia melhor. Ela tem algo
que é e algo que não é. Quem puder responder melhor, que o faça, e eu estarei
contente de escutar a resposta e me instruir com os mais sábios do que eu”.
Comentários meus fora da entrevista:
Voltarei a esse assunto mais adiante, mas eu não imagino a Dom Lefebvre
recomendando uma “missa não-católica pelo seu conteúdo” a um fiel...
DUAS IGREJAS?
Pergunto: “Os dominicanos de Avrillé
escreveram um artigo onde eles dizem assim: ‘a Igreja conciliar e neomodernista
não é portanto nem uma Igreja substancialmente diferente da Igreja Católica nem
absolutamente idêntica; ela tem misteriosamente algo de um e de outra: é um
corpo estranho que ocupa a Igreja Católica. É preciso distingui-las sem
separá-las.’ Como que o senhor vê esse fenômeno?” Dom Tomás responde: “Da mesma
maneira que os dominicanos. É a mesma questão de Judas [Iscariotes]. Judas faz
parte do Colégio dos Apóstolos, ou não? Interiormente sim, mas ele é um
traidor. O traidor pertence a Pátria ou não? Pertence, senão, não seria um
traidor. Em uma guerra, se você é um soldado inimigo, você não é um traidor.
Então a Igreja Conciliar são os inimigos da Igreja mas dentro da Igreja. É todo
o drama do modernismo, é todo o drama dos católicos liberais. E sobretudo
porque eles estão ocupando postos que são postos da Igreja. O Papado pertence a
Igreja, sendo ocupado por alguém que é liberal, modernista, especialmente Bento
XVI que é o modernista típico, porque a cabeça bem modernista. Então o
modernismo é contrário a Igreja, no entanto, ele ocupa uma posição proeminente,
ele ocupa a máxima posição dentro da Igreja. Se os teólogos encontrem as
palavras chaves, mas é uma realidade que é essa ai. E como vai-se dizer: ‘esses
papas ai não são papas?’. Não é o pensamento de Dom Lefebvre.”
Ao que eu pergunto: “Há duas igrejas?”.
Ele responde: “Nosso Senhor fundou uma só, então, na verdade Igreja Católica
Apostólica Romana só existe uma. Agora, existe um confronto de duas coisas que
o Cardeal Benelli dizia que ‘os seus seminaristas, os seus padres devem
obedecer a igreja conciliar’. Monsenhor Lefebvre falou: ‘não sou eu quem
inventou essa expressão’. O Cardeal Benelli quem inventou essa expressão,
‘igreja conciliar’ logo, são duas. Mas não são duas assim: os evangélicos lá
e eu aqui. Não é assim! Os evangélicos estão realmente lá e eu
estou realmente aqui. No caso ai é na mesma sala, na mesma posição, na mesma...
é complexo, é delicado, é uma questão nunca vista. Nunca se viu um papa
modernista.”
Um fiel, Gederson Falcometa, que
assistia a entrevista intervém: “Eu tô achando engraçado que
estas questões tão cansadas de ser respondidas na
internet...”. Ao que Dom Tomás diz: “Não faz mal...”. Eu digo que não há
problemas na recusa de responder a questões, entretanto, mesmo com essas
interferências, o bispo quer continuar. Dom Tomás diz: “esse artigo é muito
bom, dos dominicanos. Ele esclarece bem. De fato, é um artigo escrito, pensado,
é superior a uma resposta assim, ao vivo, que as vezes... são questões
delicadas. Os dominicanos e os padres da FSSPX, tem bons teólogos entre eles.”
ASSISTÊNCIA A MISSA NOVA, MISSA DE
INDULTO E MISSAS DA FSSPX
Quando lhe foi perguntado se ele, Dom
Tomás, me recomendaria a mim ou a outro fiel ir a Missa Nova, ele responde:
“Nunca fizemos isso e nem temos a intenção de fazer. De jeito nenhum! Onde
já se viu isso? [Risos]”. Ao que foi perguntado por mim sobre as
Missas de Indulto, Motu-proprio, ele responde: “Não é bom por causa do sermão e
do ambiente, mas excepcionalmente, se a pessoa assiste uma missa de
motu-proprio, eu penso que não é um pecado mortal, mas eu não aconselho ir
devido ao ambiente, devido ao sermão, acaba se confessando com o padre e as
vezes, pode achar o padre muito bom e acabar ficando por lá. É perigoso...”. E
na Missa da Fraternidade? “Tem padres e padres – diz Dom Tomás. Padre [Xavier]
Beauvais, por exemplo, ele se opõe a Monsenhor Fellay. Eu estive em Paris e o
Padre Beauvais deixou-me rezar a missa em Saint-Nicolas-du-Chardonnet,
num altar lateral”.
Comentários a parte da entrevista: Bom,
Excelência, “onde já se viu isso”? De fato, o senhor nunca me recomendou ir a
Missa Nova mesmo, e acredito que nunca tenha feito isso a ninguém,
entretanto, já Sua Excelência...
CONDENAÇÃO DO CONCÍLIO VATICANO II
Gederson Falcometa, perguntou a Dom
Tomas: “Um padre pode condenar um Concílio Ecumênico?” ao que lhe foi
respondido: “Dentro dos seus limites, até um leigo pode fazer. Essa questão eu
achei um pouquinho forçada, mas, isso é uma questão de termos, também. Fazer um
decreto não! Não temos autoridade para fazer decretos eclesiásticos que tenha
força de lei. Mas dizer assim: ‘eu não gosto desse concílio; esse concílio não
é bom’... vai muito do que a gente quer botar debaixo desse
termo. Se eu quero botar uma autoridade que eu não tenho, tá errado. Se eu
quero botar, simplesmente que eu não gosto desse concílio... O que foi feito eu
não tenho muito a dizer não. Mas, se foi feito com a intenção de ultrapassar os
seus direitos, é um exagero. Depende da intenção de quem fez”. O fiel insiste e
pergunta: “Acaso não é apenas o Papa que poderia fazer isso?”. Dom Tomás
responde: “Para condenar formalmente com decreto com valor de lei,
claro, só mesmo o Santo Padre, com valor de lei! Mas eu posso dizer: ‘eu não
gosto desse concílio’. Depende da intenção que a gente tem ao pronunciar esta
palavra. Pode ficar uma situação um pouco ambígua. Eu acho que os textos de
Monsenhor Lefebvre são suficientes, o livro dele ‘Acuso o
Concílio’ é suficiente para marcar a nossa posição”.
Se há quem pense que o Concílio
Vaticano II não pode ser condenado ou mesmo se escandaliza com esta condenação,
está fazendo dele um “super-dogma”. Penso que vale a pena dar uma lida neste artigo.
PERGUNTAS PROPOSITADAS E VÁRIAS
CONFISSÕES
O mesmo fiel, Gederson Falcometa, faz
uma pergunta dupla: “Os trabalhos sobre a Missa Nova [feitos por teólogos,
bispos e cardeais], eles tem força para nos obrigar como se fossem Dogmas de
Fé?”. Dom Tomás responde: “Por força de lei não, mas pela força intrínseca
da coerência... [aqui há uma pausa]” Continua o fiel: “Monsenhor
Williamson pode ser considerado um herege por ter dito algo em favor
da Missa Nova?”. Resposta de Dom Tomás: “Depende do que ele diz...
depende do que ele diz... Se ele falar que é ótimo virar protestante através da
Missa Nova, é claro, está errado! Mas se ele dá um conselho particular a uma
mulher... Tem mulheres que são tão difíceis de mudar a cabeça que o marido ou o
bispo desiste... [Dom Tomás conta duas histórias particulares que não carecem
serem mencionadas, entretanto, caso alguém queira saber, não é segredo]. Se uma
senhora fala, eu quero, eu quero, eu quero... o bispo acaba dizendo... ‘bom,
paciência!’. Eu não vi essa entrevista, então não posso ser
muito assim... o que complicou ai é que era um conselho particular –
nem sei se foi nem um conselho – mas, digamos, uma coisa privada,
mas pública ao mesmo tempo. No confessionário acontece coisas que nem
se pode imaginar...”
Bom, com essa pergunta, o Sr. Gederson
Falcometa confessou, implicitamente (na melhor das hipóteses) que Dom
Williamson teria dito “algo em favor da Missa Nova”. O que nos espanta é que,
após 50 anos de luta um bispo sagrado por Dom Lefebvre dizer “algo em favor da
Missa nova” (palavras do Gederson Falcometa).
E, na sanha de defender Dom Williamson,
o fiel pergunta: “E será que por causa isso ele pode ser considerado um
herege?”. Dom Tomás responde: “Claro que não! Claro que não! Herege é uma coisa
bem pesada. Herege é alguém que adere a uma negação de uma Verdade
revelada. Um conselho prudencial de uma pessoa que fica... depende...
depende... Se eu falo que um sujeito deve virar protestante ai... suspeito de
heresia, ao menos. Para alguém ser herege tem que ser com pertinácia, para ser
declarado legalmente herege, deve ser admoestado duas vezes, tem de ser a
autoridade competente, que chame a sua atenção, tal, tal, tal, tal... Agora se
uma pessoa, mesmo no seu interior, nega a Ressurreição de Nosso Senhor ele já
está pecando e já está no caminho da heresia...”
O fiel não para e continua a perguntar
e agora faz uma confissão mais clara ainda: “Dom Tomás, este vídeo de Dom
Williamson está causando muita polêmica na internet, inclusive até o Geovanne
[Geovanne é esse rélis quem digita estas linhas, um zero a
esquerda em toda esta crise, um Zé Ninguém debaixo do sol,
apenas, mais um na multidão... eu não sei o porquê se incomodar comigo...]
postou este vídeo no blog dele [é preciso dizer que este blog não é meu], como
considerar quando um bispo erra desse jeito?” Dom Tomás responde: “Eu acho que deve-se seguir a Regra
de Santo Inácio de Loyola: ‘sempre interpretar em bem aquilo que é dito’.
Monsenhor Lefebvre chegou a – bom, eu li isso num livro que foi feito sobre
Monsenhor Lefebvre nos Estados Unidos [da América], foi feito em inglês – no
qual, no final do Concílio ele chegou a rezar uma Missa pedindo a Deus que se
fosse realmente a Doutrina da Igreja que ele se dobrasse diante daqueles
decretos. Então, o primeiro passo é sempre considerar o que o outro está
dizendo – sobre tudo se o outro for um Papa, se o outro for um bispo – e pegar
a interpretação mais benévola, porque se não, se sai taxando todo mundo de
herege. Se dá uma derrapada, herege! Dá outra derrapada, herege também! E
outra, herege! Se vai acabar botando todo mundo no inferno. Então, a primeira
coisa é: talvez não seja um herege, vamos ver o que ele disse e não sair
jogando pedra. Não faça aos outros o que você não gostaria que fizessem com
você.”
Como eu disse, a sanha da defesa do Dom
Williamson é fenomenal. O fiel arremata: “No caso, a gente poderia conceder ao
menos o ‘benefício da dúvida’”. Dom Tomás responde: “Sim. É evidente. O
respeito. Dom Williamson é o bispo que teve a coragem de afrontar o mundo inteiro
na questão lá do... do... que vocês sabem e por causa disso foi até expulso
da... da... donde vocês sabem também [risos], então... Depois: é o bispo que
ficou firme diante de Monsenhor Fellay. Ele quem dizia: ‘Quando me
perguntaram o que eu achava mais impressionante em
Monsenhor Lefebvre , eu respondi – não falei a piedade, não
falei a educação – eu falei a objetividade’. E ele [Dom
Williamson] falou com o Professor Carlos Nougué que ‘a Verdade passa na frente
do bispo, então, se eu disse alguma coisa que não está bem, a Verdade passa na
frente’. Então, ele é o homem que nós temos tudo para respeitá-lo. Graças a ele
que tem um seminário na França, graças a ele que o Irmão Miguel está lá
estudando, talvez volte para o Brasil ordenado, graças a ele que... ele fez um
bem imenso e continua a fazer. Agora, Monsenhor Williamson é infalível? Claro
que não! Ninguém é infalível! Infalível é só a Igreja quando o Papa utiliza
este carisma da infalibilidade, fora isso, todos nós podemos dizer uma coisa
assim, embora, atacá-lo de herege, eu acho um absurdo.”
Comentários fora da entrevista: Ah meus
amigos, há tanto a escrever... O Gederson inicia com uma pergunta propositada,
perguntando se os escritos sobre a Missa Nova têm caráter infalível e tem a
seguinte resposta: “Por força de lei não, mas pela força intrínseca
da coerência...” E o diálogo continua: “Monsenhor Williamson pode ser
considerado um herege por ter dito algo em favor da Missa Nova?”,
pergunta Gederson. Ai vemos grande progresso: O primeiro reconhecimento de que
Dom Williamson disse “algo em favor da Missa Nova”. O vídeo que foi postado
trata-se deste aqui. Dom Tomás diz
não ter visto a entrevista e que o que deveria ter sido uma conversa
particular, foi em público e publicado. Toda a conversa gravada e não gravada,
o meu parecer é que há, por parte de Dom Tomás, uma completa ignorância a
respeito do que se veicula sobre Dom Williamson. O exemplo clássico é ele ter
confessado que não viu a tão afamada conferência, que, como disse, pode ser
vista aqui. O que me
pareceu é que Dom Tomás está totalmente aéreo ao que está acontecendo. O porquê
disso, eu não sei. Só Deus quem sabe. A assessoria do bispo encontra-se um
pouco manca. Há muitos que o cercam, mas com qual propósito? De ajudá-lo a
conhecer a realidade?
Dom Tomás diz que “herege é alguém que
adere a uma negação de uma Verdade revelada [...] Para alguém ser
herege tem que ser com pertinácia, para ser declarado legalmente herege, deve
ser admoestado duas vezes, tem de ser a autoridade competente, que chame a sua
atenção, tal, tal, tal”. Bom, eu não quero ser juiz de ninguém, mas o Catecismo
nega com veemência milagres fora da Igreja e afirmar o contrário me pareceu um
tanto quanto forçoso. Nós sabemos que
o Padre Cardozo advertiu várias vezes a Dom Williamson sobre a questão dos
ditos “milagres” e o que o bispo responde? “Paciência...”. Quantas cartas que
foram escritas e enviadas pelo Padre Altamira? Isso para não dizer de outros
padres e fiéis leigos... Como dizia São Paulo: “que cada um examine a sua
consciência” (I Cor. XI, 28). E sabemos que o problema não é só os ditos
“milagres” fora da Igreja. No Comentário Eleison nº. 385,
Dom Williamson corrige a Nosso Senhor Jesus Cristo dizendo que “uma árvore
metade boa e metade má pode produzir frutos metade bons e metade maus”,
enquanto que a Sabedoria Encarnada diz: Não pode uma árvore boa dar maus frutos
nem uma árvore má dar bons frutos (São Mateus VII, 18). Acaso o servo quer
ser maior que o Senhor? E para não delongar a lista de, no mínimo,
incongruências de Dom Williamson, apenas o último exemplo, quando ele diz
no Comentário Eleison 403 que
“Paulo VI emitiu um “Credo”
relativamente bom”. Ó senhores! Neste “Credo” que Dom Williamson diz ser
relativamente bom, Paulo VI diz que:
“Entretanto, rendemos
graças à Bondade divina pelo fato de poderem numerosíssimos crentes dar
testemunho conosco, diante dos homens, sobre a unidade de Deus, embora não
conheçam o mistério da Santíssima Trindade. [...] Reconhecendo também que
fora da estrutura da Igreja de Cristo existem muitos elementos de santificação
e de verdade, que como dons próprios da mesma Igreja impelem à unidade
católica, e crendo, por outra parte, na ação do Espírito Santo que suscita em
todos os discípulos de Cristo o desejo desta unidade, esperamos que os cristãos
que ainda não gozam da plena comunhão com a única Igreja, se unam afinal num só
rebanho sob um único Pastor.”
Escrevo apenas isso para não delongar
aqui, mas o que estão dizendo (e provando) por ai coisas acerca de Dom
Williamson, pode ser considerado “peccata minuta”?...
A respeito da assistência a Missa Nova,
o Gederson, nos faz um favor ao perguntar: “como considerar quando um bispo erra desse jeito?”. Você merece até um Te Deum! Alguém, que não
apóia o apostolado do Padre Cardozo reconhece que Dom Williamson pode errar e
errou! Deus seja louvado! Ainda há um pouco de sensatez! Quando se diz à
pessoas que Dom Williamson pode errar e errou, há quem rasgue as vestes e
grite: blasfemo! Ficamos agradecidos, Gederson, pelo seu heroísmo (e até mesmo
honestidade) em reconhecer que Dom Williamson é humano e pode errar, como de
fato errou.
Conforme dito acima, que acredito que
Dom Tomás “não está entendendo o que se passa”, ele diz: “Eu acho que deve-se
seguir a Regra de Santo Inácio de Loyola: ‘sempre interpretar em bem aquilo que
é dito’”. Dom Tomás, não há o que interpretar. As palavras do bispo são
claríssimas. Por questão de caridade, vou colocar aqui mais uma
vez o link para que Vossa Excelência ou algum assessor (se o tiver) veja com os
seus próprios olhos, mas como diria São Gregório Magno: “Ainda que a verdade
dos fatos resplandeça, os homens sempre se baterão na trincheira sutil das
interpretações”.
Dom Tomás ainda diz: “Não faça aos
outros o que você não gostaria que fizessem com você”. Exatamente, Excelência!
Também tomo isso como regra: Como eu não gostaria que ninguém me recomendasse a
assistência a Missa Nova, também não recomendo a outrem.
O Gerderson nos brinda com uma pérola:
“No caso, a gente poderia conceder ao menos o ‘benefício da dúvida’”. Dúvida?
Dúvida do que? Isso é sério? Há um dito popular que diz: “Contra fatos não há
argumentos”. Dom Williamson passa 11:45 (onze minutos e quarenta e cinco
segundos) publicamente recomendando a Missa Nova e devemos “conceder-lhe o
benefício da dúvida”? Estamos todos loucos? É isso?
Dom Tomás confessa que Dom Williamson
teria dito a Nougué, o Grande, que “a Verdade passa na frente do bispo, então,
se eu disse alguma coisa que não está bem, a Verdade passa na frente”. Bom, e
porque não disse isso em público? Todos nós sabemos que, por uma questão de
justiça, se a ofensa é pública, a reparação deve ser pública
também. Se acaso este blog cometeu alguma injustiça publicamente em desfavor de
alguém, espere que a reparação por parte dele seja pública também e não às
escondidas nas sacristias.
Continuemos:
ALUSÃO A DOM CASTRO MAYER QUE NÃO SE
ENCAIXA NO EXEMPLO
Foi perguntado, por mim, a Dom Tomás
sobre o que teria dito Dom Williamson, a respeito de que se houver elementos
dos quais pode-se nutrir a fé, pode-se ir a Missa Nova. Ele responde com um
exemplo que não se encaixa ao caso propriamente dito: “Monsenhor de Castro
Mayer deixava os membros da TFP entrarem na Missa Nova, comungar e
sair. Tem algo que eles iam buscar, pegavam e saiam: a comunhão.
Perguntei a Monsenhor Williamson: ‘isso não é uma comunicatio in sacris?’
Ele respondeu: ‘É, não deixa de ser... mas diferente de alguém que vai em um
culto protestante’. E ninguém nunca acusou a Monsenhor de Castro Mayer de
herege, nem de modernista, nem de liberal. E a pessoa ir lá na Missa Nova e
comungar... ufa! A coisa é brava. Nunca Monsenhor Lefebvre atacou a Monsenhor
de Castro Mayer. Então, esses ataques a Monsenhor Williamson, eu acho fora de
propósito, e não era bom atacar a Monsenhor de Castro Mayer
também, e eu acho que seria irrealismo, não seria sensato.”
O Gederson Falcometa pergunta: “Dom
Tomás, Dom Antônio de Castro Mayer e Dom Lefebvre pediam abjuração de quem
vinha do modernismo?”. Resposta: “Não! Que eu saiba, não!”. O Gederson
continua: “Se não há nada de católico na Igreja [Conciliar] como diz o Padre
Cardozo, então ele deveria pedir essa abjuração, não é certo?”. Resposta: “Se a
gente vai para o extremo, várias conseqüências vão aparecendo. Se você disser
que quem está na igreja nova é igual a um herege que passou pelo anglicanismo,
é claro, quando ele volta, ele tem de fazer abjuração, mas normalmente, não se
pede não [abjuração de quem vem do modernismo], então, não é igual. Sobretudo
para quem está na Tradição e volta para o modernismo, ai seria mais grave, mas
costume de pedir uma abjuração, que eu saiba nunca houve.”
IR A ROMA? SIM OU NÃO?
Ao que foi perguntado por mim se Dom
Tomás iria a Roma, caso o Papa lhe chamasse, foi respondido: “Eu perguntaria, o
senhor aceita o Syllabus, a Pascendi, e todo o
resto? Se o senhor não aceita, não vou perder a viagem. Manda o dinheiro que eu
pago os professores da minha escola que eu acho que seria melhor. Você está
perguntando isso porque Monsenhor [Willimson] disse
que iria, não é isso? Ele não disse que iria tão simples assim não.
O que ele diz é o seguinte: Para fazer uma congregação, ele diz que ele não tem
autoridade e pensa não ter autoridade para fundar uma congregação e que
Monsenhor Lefebvre deu muita importância ao Decreto de Monsenhor Charriere que
erigiu a Fraternidade na sua diocese, em Friburgo, na Suíça. Se ele achasse que
isso não tinha valor nenhum que a Igreja Nova não tem valor nenhum Monsenhor
Lefebvre não daria nenhuma importância a esse Decreto e ele deu. Não sei se na
hora da morte ele pensava da mesma maneira ainda, mas, tem antecedentes; essa
posição de Monsenhor Williamson tem antecedentes. Antecedentes de alto nível:
Monsenhor Lefebvre. Então, eu acho que os ataques a Monsenhor Williamson há um
pouco de... eu acho que vocês [?] deviam bater mais de leve, porque... se cada
um de nós for tratado como alguns estão tratando a ele, eu acho que ninguém
escapa. Porque ele diz: eu não acho que eu tenho autoridade para fundar uma
nova congregação. Isso Monsenhor Lefebvre pensava o mesmo, ao menos quando
Monsenhor Lefebvre fundou a FSSPX ele pensava o mesmo. Com esse decreto ele
falou: “Está aqui o sinal de que essa é uma obra de Deus, uma obra da
Igreja”. E quem era Papa na época? Paulo VI. Se ele achasse que não tivesse
nada de católico ali, ele diria: ‘esse papel não vale nada, é um papel de
rascunho que não tem valor nenhum’. E não foi o que ele disse. Monsenhor
Tissier de Mallerais disse que ele chegou realmente triunfante e disse: ‘agora,
agora vamos começar!’. Agora, dizer que Monsenhor Williamson é isso ou aquilo
porque ele está fazendo uma coisa, dizendo uma coisa, que reflete uma atitude
de Monsenhor Lefebvre no passado... eu acho que não... Podem discordar!
Discordar é uma coisa, atacar, chamar de herege é uma coisa muito diferente. Porque
tem disputas teológicas. O papa proibiu os tomistas de acusarem os molinistas de heresia e vice-versa.
Não quer dizer que os dois tem razão, mas ele [o papa] mandou parar. Para você
atacar alguém e dizer “herege”, preste atenção! Tem questões que são livremente
debatidas, se pode descordar, sem necessariamente ter que acusar o outro de
heresia. Heresia é um pecado gravíssimo, e assim, se mancha a reputação de um
bispo de uma maneira que eu acho injusta. Não sei se estão acusando
a ele de heresia, mas se alguém o fizer, eu acho injusto”.
O Gederson intervém mais uma vez e,
desta vez, não foi tão feliz tanto quanto o foi quando assumiu que o inerrante
Williamson errou: “Dom Tomás, eu respondi esse trecho da fala de Dom
Williamson, e ele fala: ‘se por algum milagre Francisco me chamar’. Eles se
esquecem o ‘se por algum milagre’ e ficam só com o resto do trecho. Se por
algum milagre está na fala de Dom Williamson. E a ida para Roma não é uma coisa
que é intrinsecamente má, porque a conversa é um meio.”
Dom Tomás completa: “Tem isso também!
Monsenhor Lefebvre foi a Roma. A diferença de Monsenhor Lefebvre e Monsenhor
Fellay é que Monsenhor Lefebvre foi a Roma e disse verdades e ele disse assim
aos cardeais ‘sou eu o acusado que devia vos julgar’. Para dizer isso tem de
ser um Monsenhor Lefebvre. Chegar lá em Roma e levantar e
dizer ‘eu quem devo julgar os senhores’ eu não vi nenhum outro a essa altura.
Então, Monsenhor Lefebvre ia a Roma e isso nunca foi reprovado em
Monsenhor Lefebvre. O fato de ir a
Roma de Monsenhor Fellay e a gente reprova a ele é de não ter a mesma atitude
de Monsenhor Lefebvre, esse que é o problema. Dizer que ‘botou o pé em Roma e
já é um herege’... não! Então Monsenhor Lefebvre seria um herege”.
O Gederson continua... “É isso que
estão defendendo... que pelo simples fato de o bispo [Williamson] ir a Roma,
ele vai a Roma para fazer um acordo, que ele é um herege. É isso que eles estão
defendendo...”
Dom Tomás, usando de exemplo ironiza:
“Se eu pego a direção dessa rua aqui e ali tem um templo maçônico, dizer que eu
estou indo para o templo maçônico, não! Eu vou comprar ovos na loja ao lado. Eu
não estou indo ao templo maçônico, estou seguindo a rua. Tem tanta coisa até o
fim da rua... Tudo depende do que se quer fazer...”
O Gederson diz: “Se Dom Williamson
queria ir a Roma, porque ele sagrou o senhor? Tem sentido?” Dom Tomás responde:
“Se ele quisesse o apoio de Roma, ele não teria sagrado nem a Monsenhor Faure e
nem a mim.”
Considerações minhas: A respeito de ir
a Roma pedir um Decreto. É preciso dizer que a FSSPX teve o seu Decreto de
ereção em 1º de novembro de 1.970 e não em 1.991, próximo da
morte do Arcebispo. De 1.970 até 1.991, muitas coisas aconteceram: Ereção da
FSSPX, revogação do decreto de ereção, suposta suspensão ad
divinis em 1º de julho de 1976, sagrações episcopais em 30 de junho de
1.988, em 02 de julho, através do decreto Ecclesia Dei afflicta o
Papa João Paulo II lança suposta e inválida excomunhão sobre os
santos bispos Marcel e Antônio, em 25 de março de 1.991, dorme no Senhor o primeiro e
em 25 de abril do mesmo ano, um mês após, dorme no Senhor, o segundo. Mas,
vejamos, então, o que, ao longo desse caminho, disse o Arcebispo:
Somos “suspensos a divinis” pela Igreja Conciliar e desde a
Igreja Conciliar, da qual não queremos ter parte. (Julho 29
de 1976, Reflexões sobre a Suspensão a divinis)
****
“Nós não pertencemos a esta religião. Nós pertencemos a
religião antiga, a religião Católica, não a esta religião universal como é
chamada agora. Já não é a religião Católica...” (Sermão de 29 de Junho de 1976).
(grifos meus)
****
“Estaria muito feliz de ser excomungado desta Igreja
Conciliar... É uma Igreja que eu não reconheço. Eu pertenço a Igreja
Católica”. (Minute 30 Julho de 1976) (grifos meus)
****
“Cremos poder afirmar, atendo-nos à crítica interna e
externa do Vaticano II, ou seja, analisando os textos e estudando os pormenores
deste concílio, que este, ao dar as costas à tradição e romper com a Igreja do
passado, é um Concílio cismático.” (Le Figaro, 4 de
agosto de 1976). (grifos meus)
****
“A Igreja que afirma tais erros é tanto cismática como
herética. Esta Igreja Conciliar portanto, não é católica.
(Julho 29 de 1976, Reflexões sobre a Suspensão a Divinis) (grifos
meus)
****
“Roma perdeu a fé! Roma encontra-se em apostasia!”.
(Conferência aos padres em Ecône por ocasião do retiro sacerdotal, em 1º de
setembro de 1987)
****
“Interrogá-los-ei no plano doutrinal: Estão de acordo com as
grandes encíclicas de todos os papas que vos precederam? Estão de acordo com a
Quanta Cura de Pio IX, Immortale Dei e Libertas de Leão XIII, Pascendi de Pio
X, Quas Primas de Pio XI, Humani Generis de Pio XII? Estão em plena comunhão
com esses papas e com suas afirmações? Aceitais ainda o juramento
anti-modernista? São a favor do reino social de Nosso Senhor Jesus Cristo? Se
não aceitam a doutrina de seus predecessores, é inútil falar.
Enquanto não tiverem aceitado reformar o Concílio considerando a doutrina
desses papas, não há diálogo possível. É inútil dialogar.”
(Fideliter, nº 66, novembro de 1988, p. 12-13) (grifos meus)
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“Então estamos para ser excomungados por modernistas, por
gente que foi condenada por Papas anteriores. Então o que isso pode fazer
realmente? Nós somos condenados por homens que, eles próprios, estão
condenados…” (Conferência de imprensa, Ecône, 15 de junho de 1988)
(grifos meus)
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“Nós nunca quisemos pertencer a este sistema que se
qualifica a si mesmo de Igreja Conciliar. Ser excomungado por um decreto de
Vossa Eminência... não seria mais que a prova irrefutável de que não o somos.
Não pedimos nada melhor que ser declarados ex-communione... excluídos
da comunhão ímpia com os infiéis”. (Carta aberta ao Cardeal Gantin, 6
de Julho de 1988) (grifos meus)
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“O que pode parecer uma concessão não é na realidade senão
uma manobra para tirar de nós o maior número de fiéis. Com esta perspectiva é
que parecem conceder, cada vez um pouco mais e ir mais longe. Mas há que se
convencer absolutamente aos fiéis de que se trata de uma manobra, que é um
perigo colocar-se nas mãos dos bispos conciliares e de Roma modernista. É o
maior perigo que ameaça. Se temos lutado durante 20 anos para evitar os erros
conciliares, não é para colocarmos agora nas mãos de quem os pratica”.(Dom
Lefebvre em 1989)
E, para fechar com chave de ouro:
“É um dever estrito para o padre que quer
permanecer católico de se separar desta igreja conciliar, enquanto ela não
reencontrar o caminho da Tradição do Magistério e da Fé católica”. (Livro
Itinerário espiritual, 1991)
Vejam meus amigos, que aparentemente
foi aos poucos que o Arcebispo foi tomando consciência da crise instaurada.
Então, imaginar que a atitude do Arcebispo em 1.970 era a
mesma de quando ele morreu, em 1.991, é forçar a barra. E não venha
agora bancar o fiel discípulo do Arcebispo tentando fazer tudo o que ele fez, a
menos que Dom Williamson esteja pensando em se retratar publicamente sobre as
recomendações a assistência a Missa Nova, dos famosos milagres em
Buenos Aires e de outras declarações, no mínimo ambíguas
(para oferecer-lhe o ‘benefício da dúvida’) nos seus Comentários Eleison, a
menos que Dom Williamson queira repetir, como bem disse o
Arcebispo: “Eu estou apegado ao meu Catecismo, apegado ao meu Credo, apegado a
Tradição que santificou todos os santos que estão no céu”.
O Gederson diz que “que pelo simples
fato de o bispo [Williamson] ir a Roma, ele vai a Roma para fazer um acordo,
que ele é um herege. É isso que eles estão defendendo...” Ei,
jovem! Há algo desencontrado! É preciso deixar claro que se há alguém que diz
Dom Williamson de herege, certamente não é porque ele disse que “pegaria o primeiro avião”
para Roma... Certamente não é por conta disso... Avaliemos melhor a questão
para não trocar alhos por bugalhos e não confundir bife de caçarolinha com
rifle de caçar rolinha... Vou lhe conceder o benefício da dúvida e
pensar que você não está por dentro da problemática toda... Ok?
O Gederson diz que esqueceram que Dom
Williamson coloca como conditio sine qua non para ir a Roma
que Francisco o chamasse por um milagre. Ah sim. Então, para
o Gederson, um milagre é uma coisa impossível de acontecer... excetuando o de
Buenos Aires... E ele diz ainda: “E a ida para Roma não é uma coisa que é
intrinsecamente má, porque a conversa é um meio”. Como?! A
conversa é um meio...? Foi por esse meio que Satã enganou a Eva e olha onde
estamos... De tanto dialogar, “porque a conversa é um meio” que a FSSPX anuncia esta semana,
para a nossa tristeza (porque não ficamos alegres com isso) mais um capítulo do
seu trágico fim. De tanto dialogar, “porque a conversa é um meio” que assim foi
com a FSSP, IBP, Campos, Barroux, e etc... Enquanto nosso pai espiritual, Dom
Lefebvre dizia “é inútil dialogar!”,
os mais sábios que ele diz: “a conversa é um meio”.
Espanta-me também a falta de lógica e raciocínio
quando dizem que Dom Williamson não tem autoridade para fundar uma congregação
ou algo do tipo. Certo. Mas, então, ele julga ter autoridade suficiente para
decretar (coisa que nem os modernistas fizeram) a real existência de milagres
na igreja nova, sobretudo os de Buenos Aires, quando diz: “Entretanto,
esses milagres – assumindo sempre que são autênticos –
guardam lições para os católicos da tradição que têm, em parte, recuado em
relação ao quadro do Novus Ordo”. A incongruência é patente: diz
não ter autoridade para fundar congregação, mas tem autoridade para certificar
milagres. Coerência total... (irônico).
SALVAÇÃO FORA DA IGREJA
Pergunto: “As pessoas que estão fora da
Igreja, elas podem ser salvas? Se sim, quais são essas condições?” Resposta:
“Resumindo na expressão Batismo de desejo. Isto é, que elas fazem
tudo o que elas percebem que Deus quer, que todos os homens tem uma certa
noção, da existência de Deus e de uma lei moral que vem de Deus, que pune os
maus e premia os bons, ou seja, faz tudo ao seu alcance. A Igreja utiliza esse
termo batismo de desejo, porque se ela [a pessoa] conhecesse a
Igreja Católica, ela pediria o batismo. Então, se ele faz isso e vive
realmente, se ele faz isso, ele tem o batismo de desejo, a fé, a esperança e a
caridade, os dons do Espírito Santo, ele tem tudo. Ele entra no céu porque ele
é católico.” Dom Tomás, segue contando uma história sucedida com Dom Lefebvre,
enquanto era missionário.
O Gederson interrompe e diz: “isso
então, seria o caso de ignorância invencível [?]”. Dom Tomás responde: “Sim.
Pio IX disse que só Deus sabe quem está no caso de ignorância invencível. Não é
só ignorância invencível, é ignorância invencível mais o desejo de fazer tudo o
que Deus mostra para a pessoa e estar pronto para aderir a Verdade conhecida,
tanto quanto ele a conhece.”
Comentário meu, fora da entrevista: Há
quem diga que é possível a salvação “fora da Igreja visível”, e isso é
inegável, entretanto, não tem colocado os requisitos para tanto...
HÁ ELEMENTOS QUE SE POSSA NUTRIR A FÉ
NA MISSA NOVA?
Foi perguntado por mim: “O senhor
acredita que na Missa Nova há elementos que eu possa nutrir a minha fé?”. Resposta:
“Bom, alguém pode ser mais feliz ou menos feliz numa expressão.
Se se pega uma religião pagã, que cultua a Deus de uma maneira pagã. Ali não
tem elementos de salvação, mas ali tem elementos de verdade. Tem elementos de
verdade, por exemplo, que eles acreditam na existência de um deus. Não é um
elemento católico, não é um elemento salvífico, mas é um elemento de verdade.
Porque que alguns protestantes acabam vindo para a Igreja Católica? As vezes é
porque o que ele encontrou lá fez ele querer mais, ele quis mais, e ele veio
para a Igreja Católica. Bom, estando lá não é salvífico, mas estando lá ele
pode encontrar alguma coisa que faz ele vir [para cá]. Newman, por exemplo. O
Cardeal Newman, por exemplo, ele estava na igreja Anglicana e ele dizia: ‘nós
vamos trabalhar para que a igreja anglicana que é a única verdadeira – ele
pensava que o Papa era o anticristo – é ela quem guardou a verdade. A Igreja
Católica não! Os ortodoxos não!’. Ele pensou: ‘eu vou estudar bem os Padres da
Igreja com os meus amigos e nós vamos regenerar a Igreja na Inglaterra que está
um pouquinho fraca’. Quando ele quis fazer uma coisa mais Católica, mais
conforme os Padres da Igreja, encontrou oposição terrível. Ai ele começou a
pensar: ‘acho que isso aqui não é de Deus não’. Ele começou a pensar que a
igreja anglicana não fosse a verdadeira e continua a estudar e falou, ‘não! A
verdadeira é a Igreja Católica!’. Então, ele estava na Inglaterra, e estudava
Santo Atanásio e outros padres da Igreja, e isso ajudou a ele a se tornar um
bom católico. Onde ele encontrou Santo Atanásio e outros Padres? Na
universidade da Inglaterra. Tinha elementos ali que o ajudaram? Sim! A
biblioteca da Universidade muito boa e as críticas dos Padres da Igreja muito
boas fez com que ele lendo, acabou vindo para cá. Dizer: ‘nada, nada, nada,
tudo lá não presta’, não! Se lá tem Santo Atanásio e ele lê
Santo Atanásio... Agora não é salvífico. Isso não basta
para salvar uma pessoa, mas ajudou a ele dar um passo, vir para a Igreja
Católica e se salvar. Acidentalmente, a Missa Nova, enquanto Missa Nova, ela é
ruim, péssima, mas enquanto tem alguma coisa que ainda... Muitas
missas novas provavelmente não tem nenhuma consagração. Mudam as
palavras, mudam a matéria... então da mesma maneira que em algumas missas pensa-se
– Monsenhor Lefebvre pensava Monsenhor de Castro Mayer também – que em
algumas Missas Nova pode ter a consagração. A Missa Nova
tem também [por exemplo] a Epístola de São Pedro. Se tiver bem traduzido...
enquanto nova ela [a Missa Nova] é modernista, enquanto modernista
ela não faz bem nenhum, mas enquanto uma coisa não está totalmente
destruída, ela pode despertar em alguém sincero o desejo de uma coisa que não
está ali e vir para a Tradição. Repito: a teologia é muito precisa, então
alguém pode expor isso de uma maneira mais precisa, mas são questões delicadas,
difícil sim, mas é uma realidade.”
Comentários meus que não fazem parte da
entrevista: É preciso notar que os elementos que o Cardeal Newman encontrou no
anglicanismo, eram elementos católicos e não próprio do anglicanismo. Os Padres
da Igreja são santos Católicos e não anglicanos. Então, o Cardeal Newman se
apoiou nos elementos da própria Igreja para descobri-la em elementos
não-católicos... Outra observação é que se, conforme dito por Dom Tomás, a
“missa nova, enquanto modernista não faz bem nenhum”, e como Dom Williamson a
recomenda a terceiros a assistência desta missa? E como não enxergam que não
está tudo “tudo bem”? Dom Tomás disse que “muitas missas novas
provavelmente não tem nenhuma consagração”. E como saber em qual há? Se
não se tem certeza, como que se recomenda? Santo Afonso Maria de Ligório
pergunta, no seu livro Preparação para a morte:
“Mas quem é tão néscio e se lança num poço dizendo: Quem sabe, atirando-me,
talvez fique com vida e não morra? Ó meu Deus, que é isto? Quanto o pecado cega
o espírito e faz perder até a razão! Quando se trata do corpo, os homens falam
como sábios, e como loucos, quando se trata da alma”.
Dom Lefebvre dizia: “Essa Missa
não é má de uma forma meramente acidental ou extrínseca. Há algo nela que é
verdadeiramente mau. Ela foi feita com base no modelo da Missa de Cranmer e
Taize. Como eu disse em Roma, para aqueles que me entrevistaram: É
uma missa envenenada”. Como se pode recomendar uma coisa envenenada
para quem quer se nutrir?
O CAOS VAI FICAR PIOR?
Eu pergunto: “Na opinião do senhor,
toda a confusão instaurada pode ficar pior, o senhor vislumbra alguma coisa que
se resolva, tirando elementos sobrenaturais?”. A resposta do bispo: “Se alguns
mantêm essa posição que é uma posição doutrinária que vem de choque, por
exemplo: Uns são sedevacantistas e outros não são. Se uns querem manter uma
posição sedevacantista e por isso, se nessa disputa há algo de sedevacantista
então, essa disputa só terminará se deixarem de ser sedevacantista, ou quando
esta questão for mais elucidada pela própria Igreja. Sedevacantista e
não-sedevacantista são duas posições diferentes. Se isso entra nos ingredientes
da crise, enquanto estiver ali, há uma certa oposição. Não tem como. Pode
entrar outros fatores. Só Deus sabe todos os fatores que passa n’alma de
cada um de nós. Acho melhor nem explorar muito porque a gente pode... O que se
passa no coração de uma pessoa? Deixa Deus responder... é melhor eu ficar
quieto. Porque para um pode ser uma coisa, para outro pode ser outra coisa.
Doutrinariamente, eu acho desproporcional o que está acontecendo com o que foi
dito. Eu acho desproporcional. Eu acho e não me parece que seja... eu
acho que tem mais coisa do que foi dito, mas... fica aberto... você me
perguntou e é a minha opinião. Só Deus sabe exatamente. Pode ser coisa
doutrinal, mas o que eu vejo mais é coisa de sedevacantismo e, se
tem outras questões, eu não sei... Eu não sou profeta. Não tenho
nenhum dom de profecia. Realmente, eu tenho até dificuldade em vislumbrar...
tem pessoas mais sagradas que conseguem ver o curso que as coisas estão
tomando. Eu só vejo uma coisa, se não houver uma solução, vai deixar uma
cicatriz grande, uma ferida grande, porque o que está acontecendo não é
brincadeira. Há uma posição muito forte.”
Um outro fiel intervém e diz que “falta
a conversa ‘ao vivo’ e penso que se há possibilidade para que a solução venha,
é preciso que as pessoas envolvidas nesta situação procurassem conversar”. Dom
Tomás diz: “É um dos caminhos, o outro caminho é botar o joelho
no chão e rezar mais”. E o fiel continua: “e romper com o orgulho”. Dom Tomás
replica: “De cada um de nós. Todos nós somos um pouquinho orgulhosos. Então,
vamos rezar mais, pedir a Deus uma solução. Porque é uma pena: a
Resistência que quer ser uma força, se desagrega. É uma pena, é uma perda para
todo mundo...”. O fiel intervém novamente no mesmo assunto, Dom Tomás continua:
“Criar estas ocasiões, e procurar... Se alguém quer conversar com Monsenhor
Williamson quando ele vem ao Brasil – ele estava ai quem quisesse conversar com
ele podia ir lá, Monsenhor Faure esteve ai também, e veio aqui, quem
quisesse conversar com ele, estava disponível, a Laise [de João
Monlevade/MG-Brasil] conversou com ele e quem quiser conversar, ele está
disponível”.
Conforme disse acima, me parece que Dom
Tomás, até o dia desta entrevista, não estava muito ciente de tudo o que está
acontecendo. Ele acredita (e não sei porque) que há um problema na Resistência
sobre sedevacantismo e ignora o restante. Ele diz: “eu acho que tem mais
coisa do que foi dito, mas...” e depois diz: “se tem outras
questões, eu não sei...”. O mundo está desabando e Dom Tomás parece não
tomar conhecimento de tudo o que se passa na dita Resistência. Volto a dizer:
não faço juízo de valor a respeito dessas declarações de Dom Tomás, mas ciência
de tudo, me pareceu que ele carece e o porque disso, só Deus sabe.
Dom Tomás diz que conversar é um dos
caminhos, além de rezar. E quantas vezes tentaram conversar com Dom Williamson
sobre os seus escritos e ditos? E o que ele recomenda aos seus interlocutores?
“Paciência... Vamos a necessitar más paciência todavia”
e profetiza que “el chaos está para hacerse aún peor”.
Dom Tomás disse: “Monsenhor Faure
esteve ai também, e veio aqui, quem quisesse conversar com ele, estava
disponível”. Será que estava mesmo? Quando Dom Faure esteve em
Contagem/MG-Brasil, pedi a um confrade, Eugênio Mendes de Souza Lima, que
perguntasse o bispo se ele responderia questões após a Santa Missa, assim como
sempre faz o Padre Cardozo que nunca se esquivou de quaisquer problemas que
fosse. Segundo o Eugênio, o bispo teria dito: “é necessário saber se
quem vai perguntar está de boa-fé”. Eu não fui. E porque não fui? Porque
não estava de boa-fé? Não! Absolutamente! Não fui porque o senso de boa-fé do
bispo pode ser diferente da objetividade do termo. Eu poderia sair da minha
casa e ir até a Capela e chegando lá, o bispo simplesmente me sentenciar de
má-fé e não responder aos meus questionamentos. É preciso ressaltar que o Padre
Cardozo nunca exigiu (ou mesmo pediu) que para travar algum diálogo com ele a
pessoa estivesse “de boa-fé”. Ele sempre respondeu a questões, seja lá de quem
for, independente do caráter e da intenção de quem pergunta, porque, quem está
com a Verdade, não interessa a intenção de quem demanda. Nosso Senhor nunca
deixou de responder a questões dos fariseus caso eles estivessem “de má-fé”,
porque a Verdade é simples. Ou se está com ela, ou não está. Diz o ditado
popular: “quem não deve não teme”.
HOUVE PROIBIÇÃO DA ASSISTÊNCIA ÀS
MISSAS DO PADRE CARDOZO?
Pergunto: “Dom Tomás, houve proibição
dos fiéis assistirem as Missas do Padre Cardozo? Não houve? O que é que
houve?”. Resposta: “Houve uma resposta diferente segundo os lugares que me
perguntaram. Teixeira de Freitas [BA-Brasil], me perguntou e o
padre Cardozo nunca tinha ido lá e nós atendemos lá, então eu falei: ‘olha, eu
acho melhor esperar que o Padre Cardozo veja Monsenhor Williamson e tenha uma
solução’, porque se o Padre Cardozo vai num lugar e traz um
questionamento que lá está tudo em paz e vão começar um reboliço... eu
falei ‘eu acho melhor esperar’, porque eles iriam convidá-lo. Ipatinga [MG-Brasil]
me perguntaram: ‘a gente deve ir?’ eu disse: ‘deve! Ele é o pároco de
vocês, ele está rezando a Missa e bom, vocês já estão dentro da confusão mesmo...
não muda nada, continue ai, eu disse, se deve ir’. Então, foi diferente. Esse
foi o meu critério. Alguém disse: ‘eu preferia que ele não viesse’, então eu
disse: ‘então não chama’. Ou [alguém dissesse] ‘eu preferia que ele parasse de
vir’, então... Houve o caso de São Paulo [SP-Brasil] , houve o
caso de Santo André [SP-Brasil], o caso de Teixeira [de
Freitas/BA-Brasil] e o caso de Ipatinga [MG-Brasil] que me
contataram. O mais que demorou e ficou confuso foi o [caso] de Santo
André. Queriam chamar e eu disse ‘chamem se vocês quiserem, vocês são livres’.
Monsenhor Faure me respondeu [ao que] eu perguntei: ‘Monsenhor [Faure], o que o
senhor acha?’ e ele disse: ‘eu prefiro não me meter; que cada capela resolva
por si mesma’. Ai pediram o meu parecer e o meu parecer era que ‘espera o Padre
Cardozo resolver isso com Monsenhor Williamson’, é o meu parecer. Eu
não tenho autoridade para proibir. Minha jurisdição é só no Mosteiro.
Eu não proibi. Eu não usei essa palavra”. Pergunto: “Houve algum
desaconselho?”. Resposta: “Sim! Em Teixeira [de Freitas/BA-Brasil] eles queriam
chamar e me perguntaram se deveriam chamar eu disse ‘acho melhor esperar até
que se resolva esta questão’, senão vai levar para Teixeira de Freitas
[BA-Brasil] um problema que não tem em Teixeira de Freitas [BA-Brasil] e é mais
problema para resolver. A gente não dá conta...”.
Considerações minhas, fora da entrevista:
Dom Tomás diz sobre Teixeira de Freitas/BA-Brasil: “o Padre Cardozo vai num
lugar e traz um questionamento que lá está tudo em paz e vão começar um
reboliço”. É preciso relembrar que o problema não foi causado pelo Padre
Cardozo, conforme muito bem explanado aqui e
didaticamente exposto. O Padre Cardozo prova cabalmente no vídeo indicado onde
está a raiz do problema e quem o causou. Então, não vinga a possibilidade impor
uma pecha no padre Cardozo de uma coisa da qual ele não tem culpa. É preciso
parar de margear o problema e ir à sua raiz e causa. É difícil acabar com uma
doença enquanto se combate apenas os sintomas.
Dom Tomás diz: “Eu não tenho autoridade
para proibir”. Isso é certo, entretanto, uma não-recomendação de um padre,
sobretudo se ele for diretor espiritual, equivale a uma lei. O Catecismo nos
ensina, quando trata das Sete Petições do Padre Nosso, que devemos seguir a
risca o que o diretor espiritual nos determina. Um desaconselho de um padre,
equivale a uma proibição. O catecismo nos ensina que: “De que maneira podemos
conhecer qual a Vontade de Deus a nosso respeito? A Vontade de Deus nos é
manifestada pelos Mandamentos de sua Lei e pelos preceitos de sua Santa
Igreja. Nossos superiores espirituais, postos por Deus para
guiar-nos no caminho da Salvação, nos orientam a fim de que conheçamos os
desígnios particulares da Providência a nosso respeito, desígnios que se podem
manifestar em divinas inspirações ou nas circunstâncias em que o Senhor nos
tenha colocado”. (grifos meus)
Acaso, se um médico desaconselha o uso
de determinado medicamento, quem é tão insensato a fazer uso de tal remédio?
Mas não foi uma proibição, apenas um desaconselho.
A RESPEITO DO CATECISMO DE SÃO PIO X
Foi perguntado por mim sobre, quando o
Catecismo de São Pio X determina a inexistência de milagres fora da
Verdadeira Religião e complementei dizendo que foram lançados textos dizendo
que não é bem assim e que se deve interpretar o Catecismo de São Pio X de outra
maneira. Pergunto: Como que se deve interpretar esse artigo? Dom Tomás
responde: “Não me peça uma infalibilidade que eu não tenho. Vou lhe dar a minha
opinião.” O Gederson novamente intervém para tentar salvar a Pátria e diz:
“Isso não é um artigo do Catecismo. Isso está na parte de um anexo do Catecismo
sobre a História da Igreja. O que está no Catecismo são as perguntas e
respostas. Essa parte não está na parte de perguntas e respostas. Só isso”. Dom
Tomás continua: “Olha, entrar no detalhe de toda a problemática eu não seria
capaz, teria de ler Leipicier [porque o Gederson havia falado deste Cardeal]
mas a linha geral é evidente: Deus fez os milagres para que a gente pudesse
verificar qual é a Verdadeira Religião. As profecias e os milagres são fundamentos
que nos mostram que a Religião Católica é a Verdadeira. A Paixão de Nosso
Senhor estava predita séculos antes, com todos os seus detalhes. Que nenhum dos
seus ossos iram ser quebrados, que o seu lado seria traspassados, que os seus
punhos e pés seriam traspassados, que Ele seria traído, está nos Salmos. Então,
essas profecias só Deus tem o conhecimento do futuro livre. Só Deus pode
conhecer. Essas profecias e os milagres são a prova de que a Igreja Católica é
Verdadeira. Então, todos os milagres que Deus faz convergem para provar que a
Igreja Católica é Verdadeira. Agora, tem casos um especiais, como ele [o
Gederson Falcometa] está citando mas que converge para a mesma coisa [o
Gederson estava falando e a câmera filmadora desligou por super-aquecimento,
mas ele tratava de milagres como as da virgem versal e etc] e
não vai contra o Princípio. O princípio é esse: todo milagre é para confirmar a
Verdade ou a Santidade de alguém. Santidade de um santo. Então, isso é simples
e não penso que Monsenhor Williamson está indo contra esse princípio. Que
eu saiba não. Não tem nenhuma razão que eu tenha visto para dizer que
Monsenhor Williamson vai contra o princípio de que o milagre é para testemunhar
da Verdade ou da Santidade de alguém.”
Outro fiel faz questionamentos sobre
Judas Iscariotes e a infiltração de comunistas na Igreja... Dom Tomás comenta:
“[Quando Nosso Senhor diz a Judas ‘Vai e faça o que tem que fazer’] Ele não deu
um conselho. Parece até um conselho, mas não é um conselho. Então, as vezes parece
um conselho e não é um conselho. Deus nunca ordena o mal. Mesmo quando Ele fala
para Judas [faça o que deve ser feito], Ele não está dizendo para Judas ‘faça o
mal’. Tem que ler entre as linhas. ‘Vai e faça o que tem que fazer’ é bem
misteriosa, mas Deus nunca ordena ou nos incentiva a fazer o mal, apesar da
aparência de ser. Quando o Papa Gergório XVI apreendeu os documentos sobre a
Maçonaria lá estava muito claro o que eles queriam fazer. O plano está traçado
já. Então Pio IX mandou publicar, mas mandou tirar os nomes e botou [outros]
nomes para não desvendar as pessoas que estavam ali implicadas.”
Comentários meus a respeito da
entrevista: Sobre a pergunta demandada, nada foi respondido. Perguntei sobre o
Catecismo de São Pio X, e diz apenas que “entrar no detalhe de toda a
problemática eu não seria capaz”. Após uma pergunta sobre Judas Iscariotes, Dom
Tomás quer nos fazer crer que, assim como Nosso Senhor não recomenda a Judas
que O traia, Dom Williamson não recomenda à senhora a assistência a Missa Nova.
Eu prefiro acreditar que Dom Tomás, de fato, não tenha visto este vídeo, porque,
querer mais claridade que isso, é chamar-nos de patetas...
O TODO & A PARTE E MAL ABSOLUTO
Aqui encerram as minhas perguntas e o
Gederson continua a perguntar. Vamos lá!
Gederson: “Dom Tomás, Santo Agostinho
nos falou, por exemplo, de um milagre fora da Igreja de uma versal que carregou
água em um jarro furado. Esse milagre para provar a virgindade dela. O
pessoal do lado do padre Cardozo, os fiéis dele, entenderam que milagre
aprovaria o todo e não a parte, por exemplo, no caso da virgem, o milagre
aprovaria o sacerdócio, o rito e a divindade da [não dá para entender],
considerando os mesmos princípios que eles [o pessoal do lado do padre
Cardozo] aplicaram os princípios da missa nova. O senhor poderia nos falar
alguma coisa sobre a relação entre o todo e a parte? Porque Dom Williamson foi
acusado de incentivar a leitura de T. S.
Eliot, Wagner, e acho que isso também está dentro disso...”
Dom Tomás responde: “Metafísica assim,
improvisada, eu... já vi gente muito capaz, mas eu diria... Que mesmo este
milagre da versal, tende para a Igreja, tudo tende para a Igreja, porque, vendo
que a Igreja defende a virgindade, os pagãos devem ter lembrado ‘lembra que
Deus fez aquele milagre? Então essa religião prega a virgindade, deve
certamente ser a certa’, por exemplo: Tudo tende para a Igreja Católica.”
O Gederson continua com outra pergunta:
“Outra coisa que parece estar um pouco obscuro é sobre o mal absoluto. Existe
mal absoluto? Filosoficamente o senhor poderia falar alguma coisa para a
gente?” Dom Tomás: “Não [existe mal absoluto]. O mal é a privação de um bem. A
privação de um bem só pode estar em alguma coisa do qual a privação seria um...
o que é um cego? Cego é um homem que perdeu a vista. Mas se o homem não existe,
não tem cego. Só é cego uma pessoa que existe. O mal é uma privação de uma
coisa naquilo que existe. Mal absoluto, não existe! Porque se Deus não tivesse
criado nada não é um mal. O mal é a privação de um bem em um ser que deveria
ter este bem. O mais próximo do mal absoluto seria o nada.
Mas o nada não é um mal. O mal mais que nos espanta é do
demônio que, na ordem dos seres ele é o mais alto e o mais pervertido, mas a
existência dele é boa. Foi criado bom, a natureza angélica é coisa
admirável. A BMW é uma coisa admirável, mas pode ser usada como, não sei o que.
O mal absoluto não existe. O mal sempre está em algo de bem, na existência.” O
Gederson pede para Dom Tomás falar sobre a oblatura beneditina que não tem a
ver com a linha desta entrevista, sendo esta a última intervenção.
É preciso deixar claro que não há “pessoal
do lado do padre Cardozo”, o que há são pessoas que seguem as Verdades,
inclusive, ensinadas, outrora, pelos três bispos. Certa vez
eu disse a Dom Tomás e agora repito aqui publicamente: O pouco que sei sobre a
Igreja aprendi, de certa parte, com ele, mas eis que agora ele e outros querem
me convencer que não é bem assim... A Verdade é clara como o dia. Nosso Senhor
disse que “uma árvore má não pode dar frutos bons” e, se agora Dom Williamson,
Dom Faure, Dom Tomás e outros querem me convencer do contrário, estão perdendo
o seu tempo episcopal.
CONCLUSÃO:
Em quase uma hora de entrevista, pude
perceber que ainda há muito que se discutir. Aparentemente, até a
data desta entrevista, 02 de abril de 2.016, Dom Tomás
encontrava-se alheio a muita coisa que circula nos meios tradicionais a
respeito da crise na Resistência. Talvez isso seja pelo fato de o mesmo ser
monge, falta de tempo, não sei, mas que há uma certa ignorância isso é
perceptível com 5 minutos de conversa. Ignorância voluntária? Só Deus sabe.
Conforme fui escrevendo a entrevista
fui comentando cada tópico e pode-se verificar que há contradições entre a
resposta e a realidade dos fatos. Da mesma forma, há perguntas sem resposta e
há respostas diferente do que foi demando.
Dom Tomás, as vezes, reconhece que lhe
falta clareza nalguns aspectos teológicos e que precisam ser aprofundados.
Percebi também que ele pensa que o grande problema da cisão na Resistência seja
influência de sedevacantismo, o que em minha opinião não é e nunca foi questão
em pauta.
Penso que houve um avanço na
humanização da figura de Dom Williamson quando se reconhece que houve erros por
parte da deidade. O reconhecimento de que houve erro, mesmo por
parte dos leigos, já é um bom sinal.
Dom Williamson nos recomenda
apenas paciência e profetiza infortúnios. Dom Faure parece não
se importar, dizendo que “cada capela resolva o seu problema” e dá de ombros...
Penso, como leigo, que Dom Tomás, sobretudo agora investido do episcopado,
precisa estar a par de tudo o que está acontecendo porque, a sua ignorância
frente a crise e frente aos problemas que envolvem Dom Williamson, que gera
omissão, pode, além de ser motivo de escândalo para muitos, causar mais
problemas (se é que isso é possível) entre padres e bispos. Penso que já que
Dom Tomás aceitou o episcopado na Resistência, em meio a um turbilhão, ele não
deve se furtar da responsabilidade na resolução dos conflitos da própria
Resistência. Agora, mais que nunca, como pastor e cura de almas, penso que ele
não pode abster-se da resolução desses conflitos internos, em vista que os
outros dois bispos já foram deificados por aclamação.
Dom Tomás disse que os bispos, quando
estiveram no Brasil, os padres poderiam tê-los procurado para resolver o
problema, entretanto, olvida, Dom Tomás, que, em última instância, os pastores
são os bispos. Nosso Senhor disse que o bom pastor dá a vida pelas suas
ovelhas, e ultimamente, os pastores não tem dado nada aos seus, sequer, ouvidos.
Penso, como leigo, e seguindo a
fala do Dom Tomás, quando ele diz: “criar estas ocasiões, e procurar”, que ele
precisa procurar algum padre saído (ou prestes a sair) da Resistência, sem
pressa e sem interferência de terceiros e ouvir as suas considerações e todos
os motivos da crise (que não são poucos) e o que se pode fazer para estancar
(se é que isso é possível) esta hemorragia. Com isso, penso que, após
isso, deverá o bispo tomar uma posição efetiva e clara frente aos
problemas expostos, porque Santo Agostinho nos alerta: “não sois inocentes se,
com o silêncio, permitis a perdição de quem, avisado, poderia salvar-se”.
Há muito mais a escrever, entretanto,
sou leigo e conheço o meu lugar na história. Sem mais, dado e passado em
Betim/MG, aos 05 de abril de 2.016, dia de São Vicente Ferrer.
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