Tradução: Professor Rafael Horta - Capela Cristo Rei de Ipatinga.
Postado
em 28 de fevereiro de 2013
À Monsenhor Fellay
Excelência,
Como
o senhor escreveu recentemente “os laços que nos unem são essencialmente
sobrenaturais”. Entretanto, o senhor estava atento para nos lembrar de que, a
justo título, as exigências da natureza não devem ser esquecidas. “A graça não
destrói a natureza”. Entre estas exigências, há a veracidade. Ora, somos
obrigados a constatar que uma das partes dos problemas aos quais fomos
confrontados nesses últimos meses vem de uma falta graves a essa virtude.
Há
dez anos, dizíeis como Monsenhor Tissier de Mallerais:
“Jamais
eu aceitarei dizer: ‘No Concílio, se o interpreta bem, talvez possa ser, que se
poderia fazer uma correspondência com a Tradição, se poderia encontrar um
sentido aceitável’. Jamais aceitarei disser isso. Isso seria uma mentira e não
é permitido dizer uma mentira, mesmo em se tratando de salvar a Igreja.”
(Gastines, 16 de setembro 2012).
Mas
depois mudaste o tom da escrita:
“A
inteira Tradição da fé católica deve ser o critério e o guia de compreensão dos
ensinamentos do Concílio Vaticano II, o qual, por sua vez, esclarece certos
aspectos da vida e da doutrina da Igreja, implicitamente presentes nela, não
ainda formulados. As afirmações do Concílio Vaticano II e do Magistério
Pontifical posterior relativos a relação entre a Igreja Católica e as confissões
cristãs não católicas devem ser compreendidas à luz da Tradição inteira.”
(St-Joseph-des-Carmes, 5 de junho de 2012)
Em
Brignoles, em maio de 2012, falastes deste documento que “convinha à Roma” mas
que “seria preciso explicar entre nós que há declarações que estão de tal modo
sobre uma rachadura que se os senhores estiverem mal posicionados ou se
estiverem de óculos escuros ou rosas, podem ver de um jeito ou de outro”.
Depois, se justificaste da seguinte maneira:
“Se
podemos aceitar ser ‘condenados’ por nossa rejeição ao modernismo (que é
verdade), nós não podemos aceitar de o ser por que nós aderimos a teses
sedevacantistas (isto é falso), foi isso que me conduziu a redigir um texto
‘minimalista’ que só abordava um dos dois dados e que, por este fato, pode
causar confusão entre nós.” (Cor Unum 102)
“Este texto, evidentemente, que eu o escrevi,
pensava que ele era suficientemente claro, que tinha conseguido suficientemente
evitar os...como que se diz?...as ambiguidades. Mas...infelizmente os fatos
estão ai e sou obrigado a reconhecer que este texto veio a ser um texto que nos
dividiu na Fraternidade. Este texto, evidentemente, o retiro.” (Ecône, 7 de
setembro de 2012)
O
senhor foi um incompreendido que, por condescendência, retiraste um texto
delicadíssimo que os espíritos estreitos foram incapazes de compreender. Esta
versão dos fatos é hábil, mas é justa? Retirar um documento e retratar um erro
doutrinal não são formalmente a mesma coisa. A mais, invocar as “teses
sedevacantistas” para justificar este documento “minimalista” que “convinha a
Roma” parece muito fora do lugar quando, ao mesmo tempo, e desde há treze anos,
autorizastes um de nossos confrades a não mais citar o nome do papa no Canon
depois de lhe ter confiado que compreendíeis sua escolha diante da escandalosa
assinatura de um documento comum entre Católicos e Protestantes.
Mons.
Tissier de Mallerais confiava a um confrade que esta “carta de 14 de abril” não
deveria jamais ser publicada, por que, segundo ele, “serieis definitivamente
desacreditado e provavelmente levado a pedir demissão.” Isto que confirma o
conselho de Mons. Willamson: “para a glória de Deus, para a salvação das almas,
para a paz interior da Fraternidade e por vossa própria salvação eterna,
faríeis melhor em pedir demissão como Superior Geral que de me excluir.”
(Londres, 19 de outubro de 2012). Entretanto, tomastes aquilo por uma
provocação aberta e publica.
Mas
quando Mons. De Galarreta declara em 13 de outubro de 2012 em Villepreux, esta
frase inacreditável que se pode ouvir, mas não ler por que a transcrição
on-line de La Porte Latine a omitiu: “É quase impossível que a maioria dos
Superiores da Fraternidade – depois de franca discussão, analisaram a fundo
todos os aspectos, de todos os pontos e, chegando a uma conclusão que é
impensável que a maioria se engane em uma matéria prudencial. E se isso por
acaso, esse impossível aconteça, tanto faz, de qualquer modo será feito como a
maioria pensa”, em Menzingen, o Secretário Geral, o padre Thouvenot, escreveu
que ele “expunha cautela e elevação os acontecimentos de junho último”.
Como
pôde a Fraternidade cair tão baixo? Mons. Lefebvre escrevia: “No dia do
julgamento, Deus nos perguntará se fomos fiéis e não se fomos obedientes a
autoridades infiéis. A obediência é uma virtude relativa à Verdade e ao Bem.
Não seria mais uma virtude, mas um vício se ela se submete ao erro e ao mal.”
(Mons. Lefebvre, carta de 9 de agosto de 1986).
Por ocasião da conferencia de 9 de novembro em Paris, um prior vos perguntou:
“à saída do retiro sacerdotal dois confrades me acusaram de estar em revolta
contra vossa autoridade por que eu manifestava, a respeito do texto do padre
Caqueray contra Assis III. Quem são eles? Vossa resposta foi: “Eu ignorava que
se passava coisas assim na Fraternidade. Foi a mim que se pediram essa
declaração. Alias, ela foi publicada com minha autorização. Estou absolutamente
de acordo com o padre Caqueray.” Ora, durante o retiro das irmãs em Ruffec,
confiastes a seis confrades que não podias estar de acordo com o texto do padre
Caqueray. O senhor reclamava das reprovações que o cardeal Levada, durante 20
minutos, lhe fez sobre esse assunto. Se o senhor lhe deu a autorização para a
publicação era, explicava, para não parecer parcial...mas que pessoalmente
desaprovava o conteúdo e o achava excessivo. Quem, pois, Monsenhor, utiliza
meios “forçadamente subversivos”? que é pois revolucionário? Quem enegrece o
bem comum de nossa sociedade.
Em
9 de novembro em Paris, nós ouvimos um confrade vos perguntar: “Eu faço parte
daqueles que perderam a confiança! Quantas linhas de conduta há na Fraternidade
agora...” O senhor respondeu: “É uma grave ferida. Sofremos uma grande prova.
Será preciso tempo.” Diante dessa resposta flutuante, um outro prior vos
perguntou então: “Recusastes vossa resposta à vossos três bispos confrades...”
Vossa resposta foi de novo flutuante: “Sim, quando eu a reli, me parece que
havia alguns pequenos erros. Mas, com efeito, para vos ajudar a compreender,
saibais que esta carta não foi uma resposta à suas correspondência mas a
dificuldades que eu tive com eles separadamente. Eu estimo muito Mons.
Willamson, mesmo o admiro. Há muitas jogadas de gênio na luta contra o Vaticano
II e é uma grande perda para a Fraternidade que chega a seu pior momento...”
Mas que é pois responsável por sua exclusão? Em privado, dissestes muitas
coisas: “Eu estava em guerra”, “Roma mente”...mas jamais publicastes um menor
Comunicado Oficial para denunciar essas mentiras. Pior, recentemente, a
propósito do ultimatum de 22 de fevereiro, o senhor endossou oficialmente a
mentira do Vaticano.
Vossa
linguagem se tornou interminavelmente confusa. Esta maneira ambígua de se
exprimir não é louvável como escrevia o Padre Calmel: “Sempre tive horror a
expressões moles e flutuantes, que podem ser arrastadas para todos os sentidos,
as quais cada um pode fazer e dizer o que quiser com elas. E elas me causam
ainda mais horror quando são cobertas por autoridades eclesiásticas. Sobretudo
essas expressões me parecem uma injuria direta Àquele que disse: “Eu sou a
Verdade...Vós sois a luz do mundo...Que vossa palavra seja sim, sim, não, não.”
Monsenhor,
vós e vossos Assistentes fostes capazes de dizer tudo e se contradizer sem medo
do ridículo.
O
padre Nély, em abril de 2012, de passagem em Toulouse declarava a uma dúzia de
confrades que “se as relações doutrinais com Roma falharam é por que nossos
teólogos entraram muito dentro”, mas ele dizia a um de seus teólogos: “Poderia
ter sido mais incisivo.”
Vós
mesmo, em 9 de novembro de 2012, nos afirmastes: “Eu vos farei rir, mas penso
verdadeiramente que nós, os quatro bispos, somos da mesma opinião.” Então que
seis meses antes lhes escrevia: “A questão crucial entre todas, aquela da
possibilidade, aquela da possibilidade de sobreviver nas condições de um
reconhecimento da Fraternidade por Roma, não chegamos a mesma conclusão que
vós.”
Na
mesma conferencia do retiro de Ecône, declaraste: “Eu vos confesso que não
estimei ir contra o Capítulo (de 2006) fazendo o que eu fiz.” Depois de alguns
instantes a respeito do Capítulo de 2012: “Se é Capítulo que trata, é uma lei
que vale até o próximo Capítulo.” Quando se sabe que em março de 2012, sem
esperar o próximo Capítulo, destruíste a lei de 2006 (sem acordo prático sem
solução doutrinal), se interroga sobre a sinceridade do propósito.
Um
de vossos confrades no episcopado em Villepreux nos convidava a “não
dramatizar. O drama seria o de abandonar a Fé. Não é preciso pedir uma
perfeição que não é deste mundo. Não é preciso plainar sobre essas questões. É
preciso ver se o essencial está ou não ai.
É
verdade, o senhor não se tornou muçulmano (1° mandamento), não tomaste uma
mulher (6° mandamento), o senhor simplesmente desdenhou da realidade (8°
mandamento). Mas o essencial está sempre ai quando as ambiguidades tocam o
combate da fé? Ninguém vos pede uma perfeição que não é desse mundo. Se pode
bem imaginar que se engane diante do mistério da iniquidade, pois até mesmo os
eleitos poderiam ser enganados, mas ninguém pode aceitar uma linguagem dúbia.
Certamente, a grande apostasia, prevista pela Sagrada Escritura, não pode nos
atormentar. Quem pode estar ileso às ciladas do Diabo? Mas por que nos ter
enganado? À todo pecado misericórdia, claro. Mas onde estão os atos que
manifestam a consciência, o arrependimento e a reparação dos erros?
Vós
dissestes diante dos priores da França: “Estou cansado das querelas de
palavras”. Ai está talvez o problema. Quem vos impede de ir repousar em
Montgardin e de ai aproveitas das alegrias da vida escondida? Roma sempre
utilizou uma linguagem clara. Mons. Lefebvre igualmente. Vós também, no
passado. Mas hoje, vos deixais arrastar por uma confusão na identificação “A
Igreja Católica, a Roma Eterna” e “A Igreja oficial, a Roma modernista e
conciliar”. Ora, em nenhum caso, poderias mudar a natureza de nosso combate. Se
o senhor não quiser mais se entregar a esta missão, vós deveis, do mesmo modo
que vossos assistentes, renunciar ao cargo que a Fraternidade vos confiou.
Com
efeito, o padre Pfluger disse publicamente sofrer com a irregularidade canônica
da Fraternidade. Ele confiou a um confrade em junho de 2012: “Ter sido abalado
pelas discussões doutrinais.” Saindo de sua conferencia em Saint Joseph des
Carmes ele dizia de maneira desprezível a quem quisesse ouvir: Dizer que há
ainda quem não compreende que é preciso assinar”. Em 29 de abril de 2012, em
Hattersheim, depois de ter confessado que “os acontecimentos passados provaram
que as diferenças concernentes a questão doutrinal não podem ser resolvidas”, e
deixava claro seu temor “de novas excomunhões”. Mas como se pode temer ser
excomungados por modernistas que já estão excomungados pela Igreja?
O
padre Nély, pela ocasião de uma refeição para os benfeitores em Suresnes
anuncia que “o Papa tinha colocado um termo nas relações com a Fraternidade pedindo
o reconhecimento da nova Missa e do Vaticano II...” acrescentava “Mons. Fellay
estava sobre sua pequena nuvem e que era impossível o fazer descer”. Mas o
padre Nély, não assinou ele também a monstruosa carta aos três bispos? Não
estava ele também sobre “sua pequena nuvem” quando, de passagem a Fanjeaux,
declara à Superiora Geral, inquieta sobre o assunto do ultimatum de Roma: “Não
vos inquieteis, tudo vai bem com Roma, seus canonistas nos ajudam a preparar os
estatutos da prelatura...”
O
senhor pode dizer, se foi consciente que o senhor e vossos assistentes
assumiram vossas responsabilidades? Depois de tantos propósitos contraditórios
e nefastos como pretendem ainda governar? Quem enegreceu a autoridade do
Superior Geral, senão vós mesmo e vossos assistentes? Como pretende nos falar
de justiça depois de tê-la deixado? "Qual verdade pode sair da boca de um
mentiroso?" (Ecl 34,4). Quem semeou o joio? Quem foi subversivo usando
mentiras? Quem escandalizou os padres e os fiéis? Quem mutilou a Fraternidade
diminuindo sua força episcopal? Que pode ser a caridade sem honra e sem
justiça?
Nós
sabemos que chamarão nossa atenção por não termos respeitado as formas vos
escrevendo assim publicamente. Nossa resposta será a mesma do Padre Foucauld ao
General Laperrine: "Eu acreditava, ao entrar na vida religiosa que teria
que aconselhar sobretudo a doçura e a humildade; com o tempo, eu crio que falta
mais continuamente e a dignidade e a honra." (Carta de 6 de dezembro
1915). E o que adiantaria vos escrever em privado quando se sabe que um
confrade corajoso e lúcido teve que esperar quatro anos para ter uma resposta
vossa e isso não foi para ler respostas, mas sim injurias. Quando um Superior
de Distrito espera sempre o acusado de receptar sua carta de dezessete paginas
enviada a Casa Geral, parece que Menzingen não tem outros argumentos senão o
voluntarismo: "sic volo, sic jubeo, sit pro ratione voluntas".
Monsenhor,
isto que vivemos nesse momento e odioso. La retidão evangélica foi perdida:
Sim, sim, não, não. O Capítulo de 2012 não esclareceu nada da situação. O padre
Faure, em capitular, nos colocou recentemente em guarda publicamente contra
"as cartas e declarações dos atuais superiores da Fraternidade nesses
últimos meses? Um outro capitular confiou a um confrade: "É preciso
reconhecer que o Capitulo falhou. Hoje é OK para a Fraternidade livre dentro da
Igreja conciliar. Fique chocado com o nível de reflexão de certos capitulares. "
Vossas
intervenções e aquelas de vossos assistentes são duvidosas e deixam crer que
vós não operastes senão um simples recuo estratégico.
Final
de 2011, um Assistente junto com um confrade "acordista" tinha
procurado estimar o número de padres, na França, que recusariam um acordo com
Roma. O resultado: sete. Menzingen estava segura. Em março de 2012, vós
confiastes que M. Guenois do Jornal Le Figaro era um jornalista muito bem
informado e que sua visão das coisas eram muito justas. Ora, seu artigo dizia:
"Que vigiem ou não, o Papa e Mons. Fellay querem um acordo, não doutrinal,
mas eclesial". Em maio de 2012, vós confiastes aos Superiores beneditinos,
dominicanos e capuchinos: "Se sabe que haverá uma quebra, mas não irá até
o fim". Em junho o acordo eclesial foi impossível. Portanto, em outubro de
2012, de passagem pelo priorado de Bruxelas, padres diocesanos, convidados pelo
padre Wailliez, vos manifestaram o desejo de ver um acordo entre Roma e a
Fraternidade. Vós os assegurastes por essas palavras: "Sim, sim. Isso vai
se acontecer logo"? Isso aconteceu 3 meses após o Capítulo de julho.
Monsenhor,
vós tendes o dever, em justiça de dizer a verdade, de reparar as mentiras e de
retratar os erros. Faça os e tudo voltará a ordem. Vós sabeis como Santo André
Avelino, no século XVI, se tornou um grande santo depois de ter tido vergonha
de uma mentira que tinha dito por fraqueza. Nós queremos simplesmente que o
senhor se torne um grande santo.
Excelência,
nós não queremos que a História retenha que vós fostes o homem que desfigurou
mutilou a Fraternidade Sacerdotal São Pio X.
Estejais
seguro, Excelência, de nossa total fidelidade a obra de Mons. Lefebvre.
28
de fevereiro 2013,
Trinta e sete padres
do Distrito da França
0 comentários:
Postar um comentário