quarta-feira, 4 de março de 2015

Lutero: um homem sanguinário



(...)O reformador continuou a sua obra de aparente pacificação, mas sob o disfarce da hipocrisia ia firmando a sua tarefa de destruição e de revolta. 


Falecera havia pouco o Papa Leão X, sucedendo-lhe no trono Adriano VI, no governo da Igreja.


O novo sucessor de São Pedro, ansioso de paralisar a situação na Alemanha, pensou logo em reunir um Concílio geral, no ano seguinte, em 1523.


As instâncias de Adriano VI não lograram correspondência, devido a desconfiança geral, conseguindo apenas a promessa – não executada – de entredizerem a Lutero novos ataques e reformas, enquanto não se efetuasse a reunião conciliar.


Estas garantias foram pura falsidade, pois Lutero continuou, sem interrupção, a dirigir seus ataques contra a Igreja e, por outra parte, não veio a efetuar-se a celebração do Concílio, por motivo da morte do Papa em 1523.


O seu sucessor, Clemente VII, abandonou o plano que se tornou irrealizável, devido à guerra entre a França e o Imperador.


É nesta atmosfera de dúvidas, de incertezas, de descrédito, que se inaugura a nova época da vida de Lutero, que passamos a ver.
 

A GUERRA DOS CAMPÔNIOS

Já no decurso dos últimos anos, haviam sido registradas várias sublevações dos camponeses; sendo, porém, movimentos locais foi possível imediatamente reprimi-los.

As insinuações subversivas e os panfletos incendiários de Lutero haviam preparado este movimento revolucionário, generalizando-se o levante em várias províncias da Alemanha.

As pretensões dos sublevados divergiam em seus pormenores.

Os camponeses da Suábia haviam redigido uma proclamação em doze artigo, exigindo para eles o direito de eleger e de depor párocos, difundir publicamente a reforma, obter isenção de vários impostos e exigências partidas do Império.

Outros, dirigidos por Helferich, apresentaram trinta artigos, quase inteiramente colhidos nos livros de Lutero, a ponto de o 18º. Artigo fazer jurar inimizade a todos os que não aderissem ao reformado.

Os camponeses da Renânia exigiram a liberdade para todos os revolucionários detidos pelo governo.

A revolta dos Campônios tornou-se deste modo um movimento social-religioso, cuja orientação estava sujeita às idéias e aos impulsos do mestre, que de tudo se inteirava, pelo seu julgamento e beneplácito.

O apóstata, jogando com a sorte do país, pressentia ser o momento próprio para aproveitar o descontentamento popular e a hesitação dos governantes, a fim de lançar entre eles a discórdia, e atrair para si as forças em luta.

Por isso, procurou agradar aos partidos, censurando os príncipes diante deles, como bem o demonstra a sua correspondência de então.

A revolta começou no verão de 1524s, em Hegau, e pouco depois se alastrava por diversas partes da Alemanha (Suábia, Alsácia, Palatinato, etc.), ficando apenas poupada a Baviera, graças ao tacto e à energia governamental.

Na primavera de 1525, após ter excitado os camponeses, o reformador os exortou à paz, censurando os 12 artigos, porém a sua palavra, continuadamente em contradição, não teve eco, tanto mais que, ao mesmo tempo, acusava os príncipes de intoleráveis exações, sendo isso um novo motivo de exasperação para os ânimos dos rebeldes.

A luta não cessou, pois, e mais de 1.000 castelos e mosteiros foram arrasados, sendo preciso usar de força armada para deter os rebelados. A reação dos príncipes tornou-se então decidida, e aproximadamente 50.000 camponeses caíram vítimas da luta, sob as armas dos rebeldes.

Em seu escrito “contra os bandos rapaces de camponeses”, Lutero exortou os príncipes a matarem dos lavradores COMO CÃES DANADOS. O conselho foi seguido em toda a parte, de modo que a sublevação só foi dominada em 1525, após verdadeiros massacres em massa, sem misericórdia e sem julgamento.

A sua opinião, aliás, sobre os habitantes dos campos não tinha caráter mais favorável. Ouçamo-lo:

“Os camponeses não queriam escutar nada; por isso, era preciso abrir-lhes o ouvido com balas de espingarda para que a sua cabeças voassem pelos ares” (Grisar v. Lther vol.l. p.7l5. Ed. 7912).

“Não quero saber nada de misericórdia”, diz ele ainda, “como já escrevi, escrevo ainda: ninguém se deve compadecer dos camponeses teimosos, obcecados, cegos, mas bater neles com cordas, pau e foice, como de faz com cães furiosos.

“Eles são, com certeza, revoltosos, ladrões, assassinos e blasfemadores, de modo que entre eles não há nenhum que não tenha merecido dez vezes a morte sem compaixão.

“O senhores compreendem o que está atrás desta populaça; o burro quer pau, e este povo quer ser governado pela força...” e o furioso hipócrita conclui indicando o motivo da revolta, “o diabo tem em mira” declara ele, ”destruir a Alemanha inteira, porque não há outro jeito de implantar o Evangelho!”. Faz ainda esta bela apreciação do povo “Os campônios permanecem campônios; faça-se-lhes o que quiser, têm o rosto, o nariz e os olhos tortos” (Schlaginhaufen Leipzig, 1888, p. 125).

Compreende-se que, depois destas mudanças de opinião, os operários perdesse a estima para com aquele que os traiu tão vilmente.

Lutero sentia este desprezo e temia a vingança popular.

Em 1530 não teve coragem de visitar o pai doente e escreveu: “Não quero tentar a Deus, expondo-me ao perigo, pois sabes quanto me desprezaram senhores e camponeses” (Corresp. VII.. 230 a Hans Luther).
 

Lutero e o povo

Após estas cenas, algumas entre elas sangrentas e desumanas, percorramos um instante as cartas e o folhetos de Lutero, para ver de perto a infâmia do pretenso reformador excitando o povo contra a autoridade e a autoridade contra o povo, com o fim previsto.

Num sermão ele sugere o modo como deve ser tratado o povo, nestes gentis termos:

“Porque Deus deu a lei, e ninguém a observa, ele instituiu, como suplemento, os senhores da vara, os condutores e os castigadores. Assim a Escritura, por semelhança, dá a função dos legisladores: eles devem ser como os homens que conduzem mulas; é necessário constantemente subjugá-las e chicoteá-las; de outra forma não caminharão. Assim também os legisladores são para conduzir, bater, sufocar, queimar, degolar e destruir o vulgo” (Erlangen ed. XV. 2 p.276).
 
O novo evangelho de Lutero apresenta, em mais de um ponto, uma admirável semelhança com velho paganismo romano.

O reformador era pior que Herodes, na sua reflexão sobre os pobres lavradores chacinados na revolução, pelo destino dos quais ele se tornara duas vezes responsável.

Notáveis historiadores protestantes confessam francamente ter ele sido a causa imediata de revolta feita em nome do novo evangelho.

Entretanto, não satisfeito com a derrota dos pobre camponeses, ele estimulou os príncipes à matança. Eis o que, anos depois, o sanguinário reformador teve a coragem de exclamar:



LUTERO INSUFLOU A REVOLTA E
DEPOIS VIROU-SE CONTRA ELA

“Eu, Martinho Lutero, na rebelião, matei todos os burgueses, pois fui eu quem ordenou que eles fossem levados à morte. Todo o seu sangue está sobre a minha cabeça; mas o deixei com Deus, Nosso Senhor, porque ele me ordenou que assim fizesse” (Tischredden Erlangen ed. Vol.69, p.284).
 
É fácil compreender como Lutero, a quem faltava dignidade e brio, moral e ponderação, chegou a extremos tais.


A princípio ele foi favorável aos príncipes em quem depositava esperança de destruir a Igreja católica, impondo à força a sua reforma ao povo, caso esta não a aceitasse de boa vontade.


Quando se viu frustrado em suas esperanças, voltou-se para o povo, pensando que o mesmo efeito poderia ser produzido por um movimento popular.


Este final, porém, foi desastroso e teve com conseqüência a revolta dos lavradores.


Não foi a carnificina e a destruição que o fizeram virar contra o povo, mas a vingança, por não querer aceitar o seu novo Evangelho, como ele o entendia. O povo revoltado preferia seguir o EXEMPLO de Lutero, e não os seus CONSELHO, e queria interpretar por si mesmo as escrituras como o reformador fazia.


É o que causava indignação ao apóstata. Era heresia contra heresia, era o cisma em sua própria doutrina. E isso ele o considerava um crime de morte.


Os príncipes luteranos se viam também agora em perigo. Que seria então da reforma, se o povo os vencesse?


Lutero ficou frenético de raiva e, voltando-se contra a sua própria classe, pôs todo o seu poder ao lado dos príncipes. 

Em termos de uma violência diabólica, ele pediu a todos que “abatessem, apunhalassem e matassem os camponeses, publicamente, secretamente e de qualquer modo, como cães danados” (Hussein: O que Lutero ensinou).

LUTERO E A AUTORIDADE

Já conhecemos fartamente suas teorias sobre o poder religioso e civil.

Citemos apenas uns curtos trechos de seus escritos a este respeito. Eis palavras suas:

“Seria melhor que todos os Bispos fossem mortos, todas as fundações e mosteiros demolidos radicalmente, de preferência à morte de um só crente.. A coisa mais conveniente que lhes podia suceder seria uma poderosa revolução que os varresse da face da terra. E seria somente objeto de alegria, um tal acontecimento” (Weimar ed. Vol.X 2 p.3).

E o revoltoso em linguagem cada vez mais furiosa continua:

“Todos aqueles que ajudarem e arriscarem a sua vida, bens e honra, para destruir os bispados e extirpar o regime dos bispos, serão os filhos querido de Deus e verdadeiros cristãos, enquanto os homens que os suportam serão os próprios escravos do demônio” (Weimar p.140)

Não podiam os camponeses interpretar tais palavras senão como uma declaração de GUERRA SANTA e, assim, de fato, as entenderam.

Palavras de paciência eram ditas por Lutero, somente, para serem retratadas no dia seguinte com uma tempestade de invectivas...

Do mesmo modo as autoridades civis era denunciadas como ‘PIORES O QUE LADRÕES E VELHACOS” .

“um saco de vermes” – era como intitulava o imperador, enquanto declarava abolida toda a autoridade contrário ao seu Evangelho, oposta às suas heréticas idéias.



(Trechos do livro 'O diabo, lutero e o protestantismo', Pe. Júlio Maria)

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