quinta-feira, 5 de março de 2015

Que queres ser?


Sim, que queres ser? À primeira vista, pensarás, talvez, que me esteja interessando pela escolha da tua carreira. Não; não é isto. Não pergunto se queres ser médico ou negociante, engenheiro ou sacerdote, advogado ou industrial. Onde quer que vás, para onde te conduzam teus talentos, tua vocação, as circunstâncias, tua categoria social, agora pouco importa.

Mas o que importa muito é que sejas um homem e que cumpras o teu dever, na situação que tiveres escolhido.

Sim, que queres ser? Se faço esta pergunta quase como um adeus, é que desejava saber se já te perguntaste qual é a verdadeira finalidade, a verdadeira tarefa do homem neste mundo. Porque tudo neste mundo, até o inseto minúsculo e o menor grão de pó, tem um sentido, um significado, uma concatenação estreita com o universo todo. Não raro, essa finalidade, esse destino das coisas, não o percebemos sem custo, mas existe, não obstante, em toda a parte.

E o homem não haveria de ter o seu? Mas, sim, e o mais sublime de todos.

E qual é, pois, o fim do homem?...

A glória de Deus e sua própria felicidade.

Que significa isso? Significa que deves empregar todas as tuas forças para realizar o teu ser essencial, a substância da tua vida na sua totalidade íntegra. Em outras palavras, que deves ser um homem de caráter, um cristão e um patriota de caráter irrepreensível.


Quem é um homem de caráter? O que ousa afrontar a corrupção moral, sob todas as formas.

Quem é um cristão e um patriota de caráter irrepreensível? O que não bravateia de patriota com palavras teatrais, mas que serve sua pátria, por uma vida honesta e inviolável fidelidade a seu dever.

Meus filhos, com toda a energia indomável de vossas almas, trabalhai para serdes cristãos que honrem a pátria!
A grande nação dos tempos antigos edificou em Roma um templo magnífico. Denominaram-na “Panteão” e levaram para lá todos os deuses dos povos sujeitados. Ídolos, cada qual mais estranho, acharam lugar naquele templo levantado com arte incomparável, e aquelas imagens grotescas – sinais dos confusos balbúcios da alma humana – eram um nota triste e dissonante no meio dos ricos tesouros acumulados sob as maravilhosas arcadas das colunas coríntias.

Um dia, no iníco do século IV°, viajantes estrangeiros chegaram àquela cidade: eram cristãos vindos de bem longe.  Entraram no Panteão, e, à vista de todas àquelas divindades pagãs de estranhos semblantes, foram tomados duma tristeza sem nome. Um deles tomou então do pequeno crucifixo que trazia no peito, e, colocando-o ao pé da enorme estátua de um deus, retirou-se em silêncio com seus companheiros.

Como vês, meu filho, esse pequeno quadro assemelha-se muito à luta que um jovem cristão deve hoje sustentar no panteão dos ídolos modernos. Logo que saíres da escola, sentiras também tu o sopro glacial do paganismo contemporâneo passar sobre o ideal da tua alma juvenil. No mundo, onde mutuamente se empurram e se esmagam para avançar, achar-te-ás logo diante dum monte de erros e preconceitos malsãos ante os quais tantos dos teus compatriotas estarão de joelhos e como que em êxtase, - um panteão onde o terá lugar à adoração ao verdadeiro Deus.

E - quer queiras, quer não - serás obrigado a penetrar neste panteão, e a viver neste meio de novo paganismo. O teu dever será então permaneceres firme e não te fazeres pagão também.

- Se levares a cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo no peito e no teu coração, se viveres segundo os princípios cristãos, se não te envergonhares do teu crucifixo no meio dos teus companheiros e de teus amigos, no teu ofício, na sociedade, e isso por toda a tua existência, permanecerás cristão, irradiarás luz, a alegria, o bom exemplo. E, assim, de moço de caráter, tornar-te-ás homem de caráter.

(Retirado do livro "O moço de caráter" de Dom Tihamer Toth, pág. 283, 84, 85, 86.)

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