Sim, que queres ser? À primeira vista, pensarás, talvez, que
me esteja interessando pela escolha da tua carreira. Não; não é isto. Não
pergunto se queres ser médico ou negociante, engenheiro ou sacerdote, advogado
ou industrial. Onde quer que vás, para onde te conduzam teus talentos, tua
vocação, as circunstâncias, tua categoria social, agora pouco importa.
Mas o que importa muito é que sejas um homem e que cumpras o
teu dever, na situação que tiveres escolhido.
Sim, que queres ser? Se faço esta pergunta quase como um
adeus, é que desejava saber se já te perguntaste qual é a verdadeira
finalidade, a verdadeira tarefa do homem neste mundo. Porque tudo neste mundo,
até o inseto minúsculo e o menor grão de pó, tem um sentido, um significado,
uma concatenação estreita com o universo todo. Não raro, essa finalidade, esse
destino das coisas, não o percebemos sem custo, mas existe, não obstante, em
toda a parte.
E só o homem não haveria de ter o seu? Mas, sim, e o mais
sublime de todos.
E qual é, pois, o fim do homem?...
A glória de Deus e sua própria felicidade.
Que significa isso? Significa que deves empregar todas as
tuas forças para realizar o teu ser essencial, a substância da tua vida na sua
totalidade íntegra. Em outras palavras, que deves ser um homem de caráter, um
cristão e um patriota de caráter irrepreensível.
Quem é um homem de caráter? O que
ousa afrontar a corrupção moral, sob todas as formas.
Quem é um cristão e um patriota de
caráter irrepreensível? O que não bravateia de patriota com palavras teatrais,
mas que serve sua pátria, por uma vida honesta e inviolável fidelidade a seu
dever.
Meus filhos, com toda a energia
indomável de vossas almas, trabalhai para serdes cristãos que honrem a pátria!
A grande nação dos tempos antigos
edificou em Roma um templo magnífico. Denominaram-na “Panteão” e levaram para
lá todos os deuses dos povos sujeitados. Ídolos, cada qual mais estranho,
acharam lugar naquele templo levantado com arte incomparável, e aquelas imagens
grotescas – sinais dos confusos balbúcios da alma humana – eram um nota triste
e dissonante no meio dos ricos tesouros acumulados sob as maravilhosas arcadas
das colunas coríntias.
Um dia, no iníco do século IV°,
viajantes estrangeiros chegaram àquela cidade: eram cristãos vindos de bem
longe. Entraram no Panteão, e, à vista
de todas àquelas divindades pagãs de estranhos semblantes, foram tomados duma
tristeza sem nome. Um deles tomou então do pequeno crucifixo que trazia no
peito, e, colocando-o ao pé da enorme estátua de um deus, retirou-se em
silêncio com seus companheiros.
Como vês, meu filho, esse pequeno
quadro assemelha-se muito à luta que um jovem cristão deve hoje sustentar no panteão dos ídolos modernos.
Logo que saíres da escola, sentiras também tu o sopro
glacial do paganismo contemporâneo passar sobre o ideal da
tua alma juvenil. No mundo, onde mutuamente se empurram e se
esmagam para avançar, achar-te-ás logo diante dum
monte de erros e preconceitos malsãos ante os quais
tantos dos teus compatriotas estarão de joelhos e como que em
êxtase, - um panteão onde só não terá lugar à adoração ao verdadeiro
Deus.
E - quer queiras, quer não - serás obrigado a penetrar neste
panteão, e a viver neste meio de novo paganismo. O teu dever será então
permaneceres firme e não te fazeres pagão também.
- Se levares a cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo no peito e
no teu coração, se viveres segundo os princípios cristãos, se não te envergonhares
do teu crucifixo no meio dos teus companheiros e de teus amigos, no teu ofício,
na sociedade, e isso por toda a tua existência, permanecerás cristão,
irradiarás luz, a alegria, o bom exemplo. E, assim, de moço de caráter,
tornar-te-ás homem de caráter.
(Retirado do livro "O moço de caráter" de Dom Tihamer Toth, pág. 283, 84, 85, 86.)
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